terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Relato de Parto - Núbia Inforsato





Adianto que talvez seja longo, talvez não tenha linearidade, talvez perca o sentido, mas é que assim como foi vivido, será relatado. Aproveito que as lembranças ainda estão vivas e os hormônios ainda agem, para tentar deixar o mais fiel a realidade.
Não começo pelo dia do parto, começo há mais de um ano atrás, quando assisti ao documentário ‘O Renascimento do Parto”. Documentário esse que estapiou minha cara, me fez pensar por semanas, me apresentou grandes nomes da humanização do nascimento. Depois de assistir o documentário fiquei calada, por uma semana não falei nada com Daniel (marido) sobre o que havíamos visto. Afinal era claro que toda a minha convicção e todo ‘meu saber’ sobre partos haviam sido manipulados a vida inteira, por crendices populares, por práticas profissionais inadequadas, por achismos.
Eu havia me decidido, se um dia engravidasse, meu filho viria ao mundo por um parto normal, um parto meu e dele, um parto verdadeiro, sem que ninguém roubasse isso de nós. Mal sabia eu que esse caminho era sem volta, a porta havia sido aberta pelo lado de dentro, mergulhei no universo da humanização.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Relato de Parto - Aiadny Fraga

Com exatamente 40 semanas (25.08.15), tive bolsa rota e baixei hospital (16:00hrs) com 3cm de dilatação, trancaram meu marido na rua e não deixaram entrar (pequeno detalhe) as 23:00hrs já tinha fechado 9cm fiquei até a 1:30 sem evolução, 'sorinho', trabalho de parto forte, muita dor, BUM, apagaram as luzes, escuro, medo, desespero, abandono.

As 2:00hrs fiquei sabendo que iria pra cesárea se não evoluísse, tomei banho QUENTE e me coloram de pés descalços no piso FRIO (tosse e gripe) as 02:40 me 'limparam' e colocaram a sonda na bexiga sem me avisar e sem anestesia (gritei muito), então começou a vontade de fazer força, força, força, a força vinha de dentro de mim, logo, anestesia e BUM, mãos amarradas, pano na frente, fios colados no meu peito, anestesista, médicos, enfermeiras, marido. Medo, angústia, nervosismo, tremedeira, tonturas.

03:37 Bebê nasceu, levaram pra longe de mim, não me mostraram, nem chorou, nem sabia que tinha nascido, nem vi o rosto, nem vi o jeito, nem senti o calorzinho dela em meu peito.
Pós parto, no quarto: sem acompanhante.
"Você não precisa de ninguém, as enfermeiras estão aqui contigo pra isso."

Resultado: Medo, trauma, choros repentinos, anti depressivos, sentimento de culpa, sentimento de impotência e aquela pergunta que me faço todos os dias: porque meu Deus? Porque comigo?


Aiadny Fraga, 19 anos, Porto Alegrense.

segunda-feira, 16 de novembro de 2015

Relato de Parto - Keryn Paulina


A história do nascimento do primeiro bebê, marcada pela violência, mesmo quando a cesárea se fez necessária.


Era dia 17 de junho de 2011 (eu tinha 16 anos), não dormi a madrugada inteira indo ao banheiro, e por volta das 5hrs eu tive um sangramento significativo, minha mãe e meu marido me levaram para a maternidade, e logo o médico constatou deslocamento de placenta e 2 cm de dilatação. Me disse que internaria, e através de medicamentos e repouso tentaria levar a minha gravidez até o fim!

Em uma cadeira de rodas me levaram para o quarto, eu estava muito assustada, tinha muito medo, agora estava sozinha sem saber o que estava acontecendo, veio uma medica me examinar e disse que eu seria a próxima! Indaguei chorando: como assim? Já vai nascer? O médico não me disse isso!

quinta-feira, 27 de agosto de 2015

Relato de Parto - Marina Viana

          Cinco anos!
          Cinco anos de preparação, planejamento, elaboração, engajamento!
       Como em vários relatos de VBAC que já li também gostaria de contextualizar este, falando do nascimento anterior!
        
         Nascimento de Luan

          Luan nasceu de uma cesariana fora de trabalho de parto! As 37s6d. Uma cesária de “emergência” pois estava pélvico e com ILA de 6,9.
         Me senti amputada, remexida, sem oportunidade de me despedir do meu corpo grávido (que amava) e sem oportunidade de despedir com calma da nossa relação intrautrina, de cohabitação.
         Luan nasceu bem! Sempre foi uma criança forte! Cirurgia foi bem! Eu estava bem clinicamente. Mas estraçalhada física e emocionalmente!
         O puerpério foi bem difícil! O início da amamentação idem! Luan, sem sombra de duvida, era quem me salvava! Mauro, meu companheiro, também!
         Os dias foram passando, os meses foram ficando mais fáceis, os anos foram ficando mais leves, apesar de um doutorado pra defender e uma criança pequena demandante!
         O ativismo pela humanização do parto, que era de principiante durante a gravidez de Luan, foi ficando cada vez mais forte! Fui me engajando, tentando organizar marchas com as outras ativistas, participava de rodas, me sentia monotemática virtualmente porém era minha necessidade de ainda elaborar muito o assunto, tanto do meu parto como da militância! Enteni que ILA 6,9 não era indicativo por si só de casaria! Que bebes pélvicos nascem, se assistidos por equipe experientes! Não foi o nosso caso! E o inicio da ressignificação do parto de Luan acontecia! Fiz terapia! Ajuda por todos os lados! Sou muito grata a família e amigxs!

terça-feira, 4 de agosto de 2015

Relato de Parto - Thays Saçço



Era meia noite e cinquenta da madrugada de cinco de abril de 2015, domingo de páscoa, quando levantei para ir ao banheiro apertada pra fazer xixi. Ao me limpar percebi um muco transparente, tratava-se do tampão, a princípio levei um susto porque não esperava por isso tão cedo, já que estava de 34 semanas (DPP era pra 14/05). Peguei o celular, tirei uma foto e mandei para minha anjo-doula, ela disse que realmente parecia ser o tampão, mas que eu não devia me preocupar, pois muitas vezes o tampão sai e não necessariamente a mulher entra em trabalho de parto e também que o tampão pode até se refazer.
Deitei-me novamente, fiz uma oração pedindo a Deus que fosse feita a vontade Dele, parecia que eu já sabia que algo estava pra acontecer pq senti um frio na barriga. E 20 minutos depois senti um líquido escorrer pelas minhas pernas, dei um salto da cama porque já imaginava que seria a bolsa, dei dois passos em direção ao banheiro e senti a água escorrendo pelas minhas pernas. Acordei meu marido, que pegou um pano pra secar o chão. Novamente mandei uma mensagem para a doula dizendo que minha bolsa havia rompido e pedi que ela me orientasse, ela ligou para a parteira - enfermeira obstétrica - (outro anjo que Deus colocou em minha vida e que assistiria meu parto domiciliar se a gravidez tivesse ido mais a frente). Elas me orientaram a ligar para minha GO, que acompanhou todo meu pré-natal. Fiz isso, liguei para a GO e ela me disse para ir ao hospital mais próximo de casa para fazer uma avaliação. Pediu também que eu já levasse minhas coisas, pois seria provável que eles quisessem me deixar em observação devido à prematuridade do bebê. A Doula foi ao meu encontro em casa para que nós pudéssemos ir para o hospital. Enquanto isso, tomei um banho e coloquei um absorvente porque ainda sentia a água escorrer e fui arrumar as coisas, porque não tinha nada pronto nem mala de maternidade, nem mala da Letícia ou minha, aliás, nem a bolsa eu havia ganhado ainda. Depois de arrumarmos as coisas, a doula chegou por volta das 2:40 e pediu para fazermos uma bênção antes de sairmos de casa. Era a "despedida" não programada do meu barrigão e as boas vindas àquele ser que estava para vir ao mundo.

quinta-feira, 16 de julho de 2015

Relato de Parto - Ana Fernandes


É de praxe no meio humanizado fazermos o relato escrito do nosso parto e contarmos como chegamos ali. É a forma que temos de contar a nossa história, motivar outras mulheres, fazer com que elas acreditem que sim, sabemos parir! Meu dia chegou, hoje sou eu a fazer o meu relato, quem diria... Por meses li tantos relatos, imaginei tanto as cenas dos relatos que eu lia, me imaginei tanto ali, sonhei que o meu dia chegaria, que eu conseguiria e sim... 

EU CONSEGUI!

Relato de Parto – Ingrid Passos

Antes de tudo gostaria de dizer que meu maior medo antes de engravidar era sofrer alguma violência obstetrícia. Sempre tive pavor a hospital e de um dia precisar fazer uma cirurgia, tudo isso porque minha mãe sofreu muito com o nosso falho sistema de saúde e eu fiquei "traumatizada". Porém quando decidi engravidar, depois de ouvir tantas histórias ruins sobre parto normal eu decidi que iria fazer uma cesárea a final, teria dia e hora marcado, tudo acertado antes, não teria como dá nada errado.

E assim começa a o relato de nossa história e do dia mais incrível de nossas vidas... 

Meu nome é Ingrid Passos, tenho 24 anos. Tive minha primeira gravidez aos 22 anos porém, infelizmente, não evoluiu e após 8 semanas sofri um aborto espontâneo, foi horrível, tive que curar não somente a dor física mas também a dor no coração. Um ano depois resolvemos tentar novamente, porém dessa vez foi diferente. Decidi que iria atrás de um profissional que conseguisse atender as minhas expectativas, ainda que tivesse que fazer uma cesárea, alguém que desse a devida importância do que é ajudar a trazer alguém a esse mundo.. Foi aí que comecei a estudar sobre gravidez e todas essas coisas que vocês gravidinhas devem ter lido e ai minha mente começou a mudar em relação a escolha de parto ainda que o medo viesse sempre à tona.
 Por um a caso da vida li uma postagem de uma pessoa no facebook falando sobre um tal médico  que se dizia a favor de parto normal e decidi ir atrás. Nossa primeira consulta foi muito boa e decidi que ele seria o médico que nos acompanharia.
Depois de várias pesquisas, relatos lido, vídeos assistidos e conversas eu e meu esposo decidimos finalmente pelo parto normal, porém deveríamos nos preparar para tudo, fomos em busca de uma doula e nos preparamos ao longo dos 9 meses. 

terça-feira, 9 de junho de 2015

Relato de Parto - Maína Appel

RELATO DE PARTO NATURAL HOSPITALAR, por Maína Appel



Quando eu e o Gustavo optamos por buscar uma gestação, parto e pós-parto mais conscientes, quando buscamos escolhas informadas, iniciamos um processo de crise com algumas pessoas, entre familiares, colegas de trabalho e até mesmo amigos. Quando falava que teria a Isabela de Parto Natural Humanizado, o que mais escutava era: “Nossa, como você é corajosa!”, ou “ mas pra que sentir dor” e eu logo pensava “Eu não sou corajosa; eu sou mulher. E mulher foi feita pra parir.” A minha decisão de parir sem medicamentos não tem nada a ver com coragem e tudo a ver com o fato de que sou mulher e tenho confiança que Deus fez meu corpo perfeitamente para dar a luz à uma criança – sem nenhuma intervenção, a não ser em caso de emergência – e emergência real; não aquelas inventadas por alguns médicos.

sexta-feira, 29 de maio de 2015

Relato de Parto - Caroline - Mamãe de Guri


> Acho super importante compartilhar com outras mulheres a experiência do parto. Independente do tipo de parto escolhido, acredito que quando a gente divide experiências, consegue ajudar outras mulheres a passar por esse processo que (parece ser) bem complexo na vida da gente. Eu sempre quis ter parto normal, mesmo antes de engravidar eu me espelhava em minha mãe, que teve seus cinco filhos dessa forma. Bem antes de engravidar, tmb comecei a pesquisar mais sobre gestação e descobri o parto #humanizado. Demorei quase um ano para engravidar e, quando eu desisti, Deus mandou meu bebê. Continuei pesquisando muito sobre parto humanizado e me preparei psicologicamente durante toda a gravidez, além de preparar meu corpo também: exercícios na bola de pilates, hidroginástica, massagem perineal (com a ajuda do maridão), conversas com a doula que também me acompanhou no nascimento do meu filho etc. Enfim, fiz de tudo um pouco e nada de forma exagerada.

> Mas vamos ao que interessa!

Relato de Parto - Monah Pressato

RELATO DE PARTO NATURAL DOMICILIAR - nascimento da MALU (12/03)



Era mais um dia do final da minha gravidez, como eu não estava mais trabalhando me ocupava em arrumar a casa, ir ao mercado e fazer atividades que não comprometessem meu bem estar.

Era quarta-feira, de manha arrumei a casa pois a equipe do jornal O Globo iria lá em casa para uma entrevista sobre partos humanizados.
Assim que terminei de arrumar a casa, fui ao mercado para repor o que faltava na geladeira.

Na volta do mercado notei que a minha bermuda estava molhada, parecia suor. Tomei um banho, me arrumei para receber a Gabi, minha doula, e a equipe do jornal.
Fizemos a entrevista e tirarmos as fotos com o belly maping que a Gabi fez.

Era 12:30hs, eles foram embora e lembro de falar brincando com a Gabi "até daqui a pouco...", e seria mesmo!

Próximo de 13:00hs comecei a sentir coliquinhas leves que vinham e iam... Achei engraçado, até troquei mensagem com algumas pessoas falando que poderia ser o inicio, mas quando foi 15:00hs tudo foi embora.
Falei com a Gabi que me pediu pra relaxar e tirar um cochilo... Fiz isso.
Relaxei. Quando foi 18:30hs acordei com cólicas novamente.
VIBREI!!! mas como poderia ser os pródromos (falsas contrações) esperei para ver se continuava.

O Léo chegou as 20:30hs, esquentei o jantar e comemos, tudo normalmente. Falei que estava sentindo um dorzinha leve e pedi que ele marcasse o tempo entre elas. Estava de 6 em 6 minutos.
Eu ja tinha ido ao banheiro fazer xixi e vi que o tampão mucoso saia aos poucos com o passar do tempo.
Comemoramos!

Avisei a fotografa, a gabi e a maira ja estavam em stand by.
Entrando na fase ativa chamaríamos todos.


segunda-feira, 18 de maio de 2015

Relato de Parto - Fernanda Gomes

Esse texto não é apenas o relato do meu parto, é o dia, que transformou e mudou tudo dentro de mim, colocado em palavras!



Claro que essa transformação não começou e terminou no dia 19/03, a sementinha brotou em setembro de 2014 quando eu estava com 3 meses e comecei a pesquisar sobre parto, e o mundo da humanização abriu meus olhos e coração que até então viviam no mundo perfeito em que todos os obstetras faziam sempre o melhor para mãe e bebê, mas a vida ainda não é tão perfeita e achar um obstetra humanizado em BC pela unimed foi a primeira luta sem sucesso onde abandonei e fui abandonada e sem acompanhamento e com um pré-natal meio capenga (mas pelo menos com todos os exames e US necessários feitos) e rumo as 41semanas a pressão crescendo, todos preocupados, os avisos espirituais batendo forte...Então resolvi ir para Floripa e me consultar na Maternidade Ilha que tem suporte para o parto humanizado e era onde eu ia ter minha filha de forma mais humana possível que consegui com o meu plano de saúde, pois não tinha condições nenhuma de pagar outra opção, pq apesar da pesquisa e da vontade de ter um parto em casa, o namorado não estava muito seguro e nem eu na verdade (quem sabe no próximo ♡)...

sábado, 25 de abril de 2015

Relato de Parto - Vanessa Aguiar


Minha historia inicia uns 6 meses antes de saber que ficaria grávida! O destino me proporcionou o reencontro com uma amiga de infância que não via há muito tempo, Thaise Titon, conversamos muito e entre uma conversa e outra ela me contou de uma forma tão simples mais tão maravilhosa sobre seu parto domiciliar e seu processo de construção para ele que me deixou fascinada… que mulher inspiradora, conectada com sua natureza sagrada. Cada palavra dita por ela batia em meu coração e despertou algo que sempre esteve ali, esta vontade de seguir minha natureza, de confiar no meu corpo e ter um parto natural, de estar presente nele e ser a protagonista da minha historia. 

Lembro-me nitidamente de uma amiga que não via há muito tempo e em nosso encontro me conta que com 3 meses de gestação já estava com a data da cesária eletiva, teve também uma amiga da família que fez cesária eletiva porque era muito “chique” e na sua cidade as mulheres que tem parto normal são apenas as pobres e tem que ter coragem, hein? Espera ai, coragem? E o bebe? Alguém ai sabe quando ele estará realmente preparado para chegar neste mundo? Porque é preciso uma cirurgia que tem mais riscos que o processo natural sem nenhuma necessidade? Só para não sentir dor? Mas e os pontos, não dóem? Essa e outras questões sempre me fizeram pensar muito, não sou contra cesariana desde que seja necessária, é como tomar remédio sem estar doente, mas também não fico enchendo o saco das pessoas com isso, cada mulher tem o direito de escolher o que é melhor para ela, como eu tenho o direito e dever de escolher o que é melhor para mim. Eu nasci de um parto normal cheio de violência obstétrica, mas pelo menos a via de nascimento era vaginal embora minha mãe tenha sofrido uma episiotomia gigantesca, ficou deitada todo tempo, não estava em trabalho de parto (só havia perdido o tampão mucoso) e passou 12 horas bombando na indução de ocitocina sintética, e no seu expulsivo forçavam a barriga para baixo, seguravam mãos e pernas. Mas foi corajosa ate o final, não aceitou a cesariana e me deixou este legado de coragem e empoderamento feminino.


E eu achando que só teria um filho dali uns 3 anos (ou mais) depois de 6 meses da minha conversa com a Thaise descobri que estava gravida. O Divino age sem mesmo a gente saber, engravidei tomando anticoncepcional (e tomava há 10 anos…), senti uma alegria imensa e senti profundamente o Divino preparando tudo, todos acolheram com muita alegria a gravidez, principalmente meu marido que ja havia intuído a gravidez em uma manha e também que seria uma menina. Fomos juntos atrás de informação para um parto natural humanizado, e quando nos deparamos com a realidade que vivemos em nosso pais, estado e cidade percebemos que o caminho seria muito mais longo do que imaginamos. Buscamos muito, falamos com pessoas diversas e o caminho ia se estreitando ao ponto de desanimar, fizemos contato com grupos de parto domiciliar, mas estavam muito longe daqui.

sexta-feira, 17 de abril de 2015

Relato de Parto - Flavia Pereira


Nunca achei normal uma cesárea e nunca achei absolutamente tranquilo trazer um bebê ao mundo dessa forma, mas também tinha meus medos e receios em relação ao parto normal. Sou formada em educação física, já estudei o desempenho humano e sabia muito bem que o corpo da mulher foi feito para isso, mas não conseguia entender o porquê duvidava de mim, porque eu pensava que não conseguiria.

Quando decidimos que estava na hora que termos nosso filho eu procurei o primeiro médico por indicação de uma amiga. Falei sobre meu desejo sobre o parto e ele falou que tudo bem, pois meu quadril era "legal para o parto normal". Achei estranho, mas ok! Que bom né?! . Menos de dois meses depois descobrimos que a Catharina nos escolheu. Liguei para o médico feliz da vida para começar o pré-natal e a secretária foi super fria, marcou e não marcou a consulta, perdi minha tarde e falei que não precisava remarcar, que iria procurar outro médico quando ela disse: "Vai perder o melhor cirurgião da cidade?" Hã? Mas eu nem queria cirurgia. Ok! Melhor assim... 

            Foi aí que começou a luta "com" os GOs e não "por um" GO. Entendi o porquê eu duvidava do meu corpo. Eis a saga:



sexta-feira, 20 de março de 2015

Relato de Parto - Nathalia Moura


Há exatos 2 meses, pude experiênciar todo o poder e a força que TODAS nós, mulheres temos dentro de nós, adormecida, apenas aguardando para ser despertada.
Estávamos com 38 semanas + 5 dias e eu realmente acreditava que Maria Clara só viria com 40, 41 ou até 42 semanas. Era uma estratégia para conter a ansiedade, a minha, mas especialmente a dos outros. Uma das muitas táticas de quando se rema contra a maré e se opta por ser protagonista do seu parto, e da sua vida. Esperar o bebê mostrar que está pronto para nascer, respeitar toda a fisiologia do corpo, acreditar na natureza. Decidir por um parto natural humanizado requer coragem sim, para ir contra tudo e todos, para lidar com as críticas, recomendações, palpites e recriminações alheias, para desistir da sua GO fofa que já fez a cesárea de várias amigas e ir para o outro lado da cidade atrás da GO que de fato acredita no potencial de toda mulher que quer parir.

Logo eu, tão prática!!!! Sentia dentro de mim de forma arrebatadora (não tinha como negar ou fugir, pensamentos constantes, sonhos a noite) que este era o nosso caminho, já devia ser o tal “instinto materno” me dizendo que devia optar por mais segurança e saúde para o meu bebê e não para o que fosse mais fácil e conveniente para mim.
A etapa seguinte era convencer o marido, que junto com o “senso comum” acreditava que cesárea era mais seguro, mas o remédio para isso é simples, só exige vontade: informação!!!! E então ele mesmo começou a pesquisar, e rapidinho se convenceu: “Vamos nessa juntos!” Pronto, era apenas o que eu precisa, do apoio DELE, do pai da minha filha, agora temos toda a força para encarar o mundo! E assim chegamos até o dia 8 de janeiro de 2015.
Fui para minha yoga de manhã, mesmo sentindo uma leve cólica desde o dia anterior, a recomendação era “vida normal, se movimente que isso ajuda a dilatar o colo do útero”. Até me empolguei mais do que o normal na aula, dei umas forçadinhas. No final senti uma cólica mais forte que logo passou.

Fomos a consulta com a futura pediatra as 13 hs para decidirmos com ela, o que era procedimento desnecessário, apenas incômodo e agressivo, para não ser realizado na Maria Clara logo que nascesse e colocar isso em nosso plano de parto. Tudo acertado, fui para casa e logo depois de tomar banho e sentir uma cólica mais forte “em onda”, minha bolsa rompeu!!!! Muita emoção, liguei pro papai “volta pra casa” e para minha mãe, chorando, super emocionada, sabia que ela estava pronta e em breve estaria conosco. As contrações se iniciaram imediatamente, comecei a marcar com o aplicativo e já vinham de 5 em 5 minutos e duravam 40 a 60 segundos. Não realizei na hora que isso já indicava um trabalho de parto de fato, estava tão emocionada e envolvida com o sentimento, mas já estava em contato com minha linda doula Aline Barreto e com minha médica Ana Fialho. 

As contrações vinham e eu achava graça, gravei vídeo toda feliz kkkkkkk, marido chegou em casa, ficamos curtindo, ouvindo músicas. Quando a doula chegou descemos para caminhar pela rua com nossa cachorrinha, e durante uns 30 minutos, senti as contrações se intensificando, subimos, e fui para o chuveiro, agora era a prova: água quentinha nas costas, se aliviasse significava que o trabalho de parto estava apenas engrenando............mas............piorou........ muito, perdeu a graça sabe!?! Não tinha posição, ainda fiquei uns 40 minutos ouvindo as minhas músicas escolhidas para o parto, a luz de velas e deixando a água cair, afinal estava há apenas 2 minutos da maternidade. Só que não kkkkkk, neste momento me contaram que minha médica estava em um emergência do outro lado da cidade, e que deveríamos ir para lá, ou ela encaminharia outra equipe para a maternidade próxima. Olha, “falando” agora essa seria a pior notícia do mundo, mas na hora, juro, não me desesperei, já estava em um estado meio meditativo, onde não haviam muitos pensamentos apenas ações e sensações. Os 40 minutos dentro do carro em trabalho de parto bombante não são mesmo nada legais, me concentrei no meu mantra budista NAM MIO HO REN GUE KYO, poderoso!!! Me manteve alerta e calma, até dava palpites no melhor caminho a fazer kkkkk, mas chegando bem perto da maternidade senti “a tal” vontade de fazer força........mas já?...... pensei.......achei que demoraria muito mais pra chegar neste “gran finale”. Minha bolsa estorou as 16 hs, isso era 21:40 da noite, 10 cm de dilatação em 5:40hs? entrei hospital a dentro em cena de filme, “SOCORRO, ESTOU PARINDO”, eles, queriam meu CPF, até parece né!!! Fomos entrando, do elevador para sala de parto em 1 minuto, sem nem ter dado entrada oficialmente kkkkkkkk.

O período expulsivo sim foi looooooongo, exaustivo, me fez sentir de fato A DOR, a dor da VIDA, a dor que nos faz mulheres tão poderosas e empoderadas de nós mesmas. A contração passa e você continua ali, VIVA, mesmo achando que vai partir ao meio, querendo trazer seu filho para o mundo, querendo dar A LUZ a ele.
Todo a gratidão ao maravilhoso companheiro da minha vida Tiago, que se manteve firme, vendo todo aquele esforço e dor no meu rosto, empoderado sobre todo o processo, me incentivando, me fazendo lembrar o quanto queríamos que fosse assim, que seria bom para ela, que ela nasceria mais forte!
Me movimentava de todas as formas, bebia água e isotônico, queria sempre voltar para a banqueta e ficar de cócoras, sentia que ela nasceria naquela posição. Constantemente a médica conferia os batimentos cardíacos da bebê durante as contrações, e cheguei a achar que havia algo errado, estava demorando......o  expulsivo costuma ser mais rápido..........já havia 1 hora e meia que estava ali.

O tempo.........não me assustava, estava mesmo muito confiante e não sentia vontade de desistir. Estava na partolândia, pensava pouco, mas observava tudo, sentia tudo, não interagia com ninguém mas estava alerta ao meu redor. A dor me impressionava, mas me impressionava ainda mais a capacidade de suporta-la e continuar em frente, era tudo muito intenso! Mas meu corpo estava fraco, meus braços e pernas tremiam, queria deitar um pouco, e comecei a pedir ajuda a equipe, não estava aguentando mais.........
Foi ai que soube que quando eu deitava os batimentos dela caiam, ou seja não rolava de deitar. E que ela já estava há muito tempo no mesmo lugar, sem descer, que podíamos ajuda-la com um vácuo extrator, ou eu poderia tomar uma analgesia. Na hora só pensei e falei que queria o que fosse mais rápido, queria mesmo acabar logo com aquilo tudo e descansar.

Na contração seguinte, minha médica posicionou o vácuo na cabecinha dela que já estava bem baixa, e puxou. Senti o círculo de fogo, ela coroou, agora era comigo, “Vamos nascer, filha, me ajuda!!!”, eu falava para ela! Ainda se passaram 3 contrações para eu ve-la, não senti ela saindo, a sensação na hora era apenas de alívio, a emoção veio com o choro compulsivo do papai ao meu lado. Chorou antes e mais do que Maria Clara!!!! Eu senti o seu corpo, juntinho do meu e era a textura mais macia e maravilhosa que já senti na vida. O cheiro do vérnix, que a encobria, o cheiro dos deuses, nada igual!!!! Nada de dor, apenas plenitude, gratidão ao universo!!!!

 O cordão parou de pulsar, papai teve seu momento de protagonista, cortando-o, me levantei (sério!! Nem acredito) e fui deitar para ela mamar.  Tudo incrível e perfeito, melhor do que poderia ter sonhado ou pedido. Maria Clara nasceu as 23:52 hs, cercada de amor, proteção e respeito. E nós, é claro, nascemos juntos. Sem dúvida uma experiência que me transformou para melhor e para sempre!
A energia do feminino era palpável naquela sala de parto, pediatra, obstetra, doula, minha madrinha médica, era possível sentir a força de todas as mulheres do mundo com você! Somos muito capazes, poderosas, fortes!!! Nos falta solidariedade às outras mulheres, sempre julgamos, condenamos, ficamos ao lado dos homens, somos muitas vezes machistas!

Temos que nos unir mais, pois juntas podemos sim mudar o mundo, não há força maior do que a força de uma mulher, de uma mãe,  podemos tudo!!!! Este relato não é diminuir qualquer outra mulher que não passou por esta experiência, não acho ninguém menos mãe por não ter optado por um parto assim, por sinal, as mães que mais tem minha admiração são aquelas que nunca geraram ou pariram, são as mães do coração.

Acredito e luto para que possamos optar pelo parto que desejamos, baseadas em informação real, com consentimento livre e esclarecido sobre qualquer intervenção médica que seja feita ao nosso corpo, e a partir disso tomarmos nossas decisões, sem sermos enganadas e termos nosso direito de escolha roubado de nós.

Relato de Parto - Emille Avelar



A história do meu parto começa muito antes de eu entrar em trabalho de parto(TP). Bem, tudo começou com a descoberta da gravidez.  pois, é só a partir daí que a gente começa a pensar e se preocupar com o parto. Eu já era acompanhada por um GO e fazia tratamento por ser portadora de SOP (Síndrome do ovário policistico). Então,  ao descobrir a gravidez pensei que seria melhor ser acompanhada por ele.

O fato é que eu sempre fui muito comunicativa e desde a primeira consulta queria conversar sobre o parto. Eu não sabia nada sobre parto humanizado,  mas uma coisa eu tinha certeza, eu não queria ser operada. Eu não queria tirar meu filho, Eu queria que ele nascesse no tempo dele. Mas , inicialmente meu GO fugia do assunto dizendo que era cedo para falar sobre o parto. No primeiro momento acreditei que ele estava certo, mas nesse ponto começou minha insatisfação.  Faço questão de relatar aqui  o quanto alguns obstetras são secos e frios. Não informam, não conversam, não nos dão opção e as vezes nem querem nos ouvir.  Para ele eu era apenas mais uma grávida. Porém,  Era o meu momento!  a fase mais marcante e especial da vida de uma mulher. Na minha opinião, aí é que começa o respeito e a humanização.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Relato de Parto - Thamy Pezzi


Quando descobri que estava grávida não tinha a mínima informação sobre parto, inclusive, acreditava que, por minha mãe ter tido cesárea, eu também teria. Mas (graças a Deus) comecei a pesquisar sobre parto e descobri todos os benefícios do parto natural. Li vários livros, vi vários vídeos, e depois de assistir “O Renascimento do Parto” e “Violência Obstétrica” não tive dúvidas, decidi que a Letícia nasceria quando estivesse pronta, na hora dela, da maneira mais natural possível! Mudei de G.O com quase 30 semanas, procurei uma Doula e decidi me preparar para esse momento, fiz hidroginástica para grávidas e depois comecei o Yoga como preparação para o parto. 




quinta-feira, 5 de março de 2015

Relato de Parto - Milena Gil

Relato de Parto – Meu Renascimento e o Nascimento do Felipe

Esse relato começa muito antes do dia do parto do Felipe ou dos 9 meses de gravidez.
Sou aquele tipo de mulher que passou a vida inteira sonhando em ser mãe, desde criança mesmo. Cuidar de bebê, gravidez, amamentação sempre foi o que me agradou.
Eu sempre sonhei com um parto natural, tranquilo, sem intervenções. Deve ser por ter avó que pariu 8 em casa, bisavó parteira. Na minha família só tem partos normais. Ou deve ser por eu ser uma puta medrosa que não fura nem orelha. Tenho pavor de cirurgia. Pavor de furar veia, pavor de injeção...
A cada amiga/prima/conhecida/vizinha que engravidava e era submetida a uma cirurgia cesariana ficava sem entender por que tantas mulheres precisavam daquilo. Um dia foi o estopim e comecei a me informar. Descobri aí um sistema pavoroso. Mutilador de mulheres, bebês e seus sonhos. Um sistema de mitos e mentiras. Um sistema violento. Um sistema que não acolhe, que não abraça. Um sistema que mascara, que desrespeita. Um sistema que encoraja mulheres a extraírem bebês que ainda não estão prontos de seus úteros. Um sistema que não informa que a cesariana mata 3x mais e que causa 120x mais problemas de saúde nos bebês (respiratórios, alergias). Um sistema que está trazendo uma geração de pessoas mais propensas a doenças. Um sistema obstétrico falido e do qual tenho vergonha. Um problema de saúde pública.
Ali prometi a mim mesmo que quando chegasse a minha vez, eu e meu filho não passaríamos por aquilo. Eu ia dar todo o M-E-L-H-O-R pra ele, desde a barriga, desde sempre.
Estudei muito, fiz cursos, me informei, informei pessoas. Me preparei muito. Por que não, aqui não tem mãezinha. Aqui não rola ninguém falando o que é melhor pro MEU filho. Isso quem sabe sou eu.
Informei o Luciano e procurei a cada dia trazê-lo pra esse mundo comigo. Pouco a pouco ele estava ao meu lado. Com as ressalvas dele, mas respeitando meu desejo e se informando (da maneira dele) também. Pronto, se ele estava comigo, o caminho estava aberto. Sempre deixei uma coisa bem clara, o corpo é meu, mas o filho é nosso. Ele precisava estar ao meu lado pra tudo correr bem.
Tinha o desejo do parto domiciliar. Aliás, não tinha a menor dúvida de que era isso que queria
(e ainda quero!) pra mim e pro meu bebê. Porém, Lu me pediu pra fosse no hospital. Já que era nosso primeiro filho e ainda não tínhamos vivido um parto. Nosso filho. Pedido respeitado.
Em 08/05/14 recebo meu tão sonhado positivo. Pronto, o sonho começava ali. Fomos jantar pra comemorar.





Contamos pros avós no dia das mães (que morreram de alegria num chororô só), pros tios e amigos queridos.

quinta-feira, 5 de fevereiro de 2015

Relato de Parto - Risia Spini


Relato de Parto Natural Hospitalar

Cidade: São José do Rio Preto - Santa Casa de Misericórdia

Risia Doane Garcia Spini

Desde sempre eu falava: "Quando ficar grávida quero tomar anestesia e dormir três dias, não quero ver nada."
Eu tinha certeza que faria uma cesárea, aliás, falei isso desde o inicio da minha gravidez. Quanta inocência. Quanta ilusão. Sim, por que é isso que o sistema e a sociedade faz, nos ilude e nem se quer nos pergunta, pois foi assim que mudei completamente minha opinião. Quando meu ginecologista (o primeiro, pois até o fim foram três), queria marcar minha cesárea para  dia 29/12/2014, pois ele iria viajar e disse que a cesárea seria "minimamente evasiva  Oi?! Eu fiquei me perguntando: "Como seria uma cesárea minimamente evasiva se te cortam a barriga até chegar ao útero?!?" Fui atrás dessa informação e pra minha sorte e azar dele (o médico) vi um vídeo de uma cesárea. Foi o fim, pois não queria aquilo pra mim, eu sempre tive medo de qualquer tipo de cirurgia, ia marcar dia e hora para me cortarem?!? Não mesmo!! Fui fundo na pesquisa e comecei a ver os pós e contras de cesárea e parto normal, que até o presente momento sequer fazia parte do meus planos.

E foi ai que conheci o filme "Renascimento do Parto" e tudo mudou, meu discurso, minha opinião e o médico. Descobri que o médico não fazia parto normal, procurei um segundo que dizia que fazia, porém na segunda consulta me disse "Se correr tudo bem, fazemos o parto normal, vamos esperar, deixar acontecer." Bye Bye meu amigo pra você também. Vi que estava no caminho errado, precisava de uma doula, não sabia se tinha em minha cidade, e dá-lhe pesquisa na internet e amigas e mais amigas, foi quando uma amiga me disse que uma amiga dela tinha feito um parto normal, sem nenhuma violência obstétrica e/ou intervenção médica, e o melhor, ela tinha uma doula. Nessa fase já estava com 20 semanas, ou seja, metade do caminho. Marquei um dia com a Doula, nos conhecemos e ela me indicou o médico que ela já havia trabalhado. Conheci o médico, que pra mim foi a melhor coisa, jovem e atualizado, falava o que eu queria ouvir e o melhor incentivou desde o inicio na primeira consulta o parto normal.

sexta-feira, 23 de janeiro de 2015

História de um empoderamento - Carolina Dittmar

Campo Grande, 14 de janeiro de 2015 (29 semanas de Betina)

Quero dividir com vocês como aconteceu a minha decisão pelo parto humanizado. Não é um relato de parto. É a minha experiência pré parto. Muito antes de querer ficar grávida sempre gostei muito de estudar assuntos ligados a bebês, maternidade, educação, psicologia materna e infantil e alimentação de mães e bebês. Descobri na faculdade de fisioterapia que o parto normal era um processo fisiológico e portanto melhor pro binômio mãe-bebê. Descobri muitas coisas sobre desenvolvimento motor de bebês e sobre alimentação saudável. Depois fui fazer faculdade de educação física e percebi a importância do exercício físico pra mulher, pra grávida e depois pra criança e pro seu desenvolvimento motor. Achava que já sabia de tudo e que quando tomasse a decisão de ter um bebê estaria pronta. Tinha medo do parto normal mas mesmo assim queria um. Tinha medo das dores mas a idéia de fazer uma cesárea não entrava na minha cabeça. Achava estranho que muitas mulheres no Brasil não estavam conseguindo ter partos normais. O que tinha acontecido com os nossos corpos? Conversava com a minha mãe sobre isso e ela dizia que na primeira gestação (gemelar) o médico convenceu-a dizendo que partos normais de gêmeos eram muito difíceis e que ela poderia morrer, que a bacia dela era muito estreita e ela não ia ter dilatação. Sempre quando ouvia ela dizer isso pensava na história bíblica de Esaú e Jacó e que naquele tempo não tinha cesárea! Como assim a mãe deles não morreu? Tinha alguma coisa estranha que não me convencia. Na segunda gravidez da minha mãe o médico disse que nem arriscaria o parto normal por contada cesárea anterior. Que o últero dela podia se rasgar e (mais uma vez) ela poderia morrer. Ficava assustada com essas histórias. Pensava, tomara que eu não tenha gêmeos porque senão vou ter que fazer uma cesárea. E isso me assustava mais do que a gravidez gemelar e ter que cuidar de dois bebês depois. Também pensava, bom, quando eu engravidar é só contar pro médico que eu quero um parto normal e ele vai "obedecer" a minha vontade. Sou saudável, pratico atividades físicas, alimentação regrada, não fumo, não bebo, não tenho pressão alta, não estou acima do peso... Não deve ter candidata melhor que eu pro parto normal. Só tenho o quadril estreito mas acho que eu dou conta. Será que eu dou conta? Ah, na hora eu vejo isso. Se o médico disser que eu não consigo eu faço a cesárea, vai! Ficava ouvindo historias de mães e suas cesáreas maravilhosas sem dor mas a recuperação era demorada... Os bebês delas pareciam não saber mamar... Achava aquilo tudo estranho mas se tinha que fazer era pra ser feito né. Continuei estudando sobre educação de crianças e sobre alimentação de bebês. Descobri muitas coisas legais como a amamentação em livre demandada, exclusiva até os 6 meses e continuada até os 2 anos. Aprendi que não existe leite fraco. Conheci o BLW (baby lead weaning) pra introdução alimentar depois dos 6 meses. Aprendi sobre o papel e a importância da ocitocina na amamentação e como ela é grandemente produzida durante o trabalho de parto. Só aumentava minha vontade de ter um parto normal mesmo com aquele medinho da dor. Eu achava que se não agüentasse eu ainda tinha a opção da anestesia. Então, perfeito! O tempo passou, casei com o Igor, fomos morar em Campinas SP e trabalhava muito como personal trainer e dava muitas aulas de ginástica. Uma loucura mas eu estava muito feliz daquele jeito, naquela correria toda e só pensava que não ia engravidar tão cedo. Queria muito trabalhar por muito tempo mas pensava: antes dos 30 quero engravidar. (Isso só funcionava na minha cabeça porque na verdade eu já tava perto dos 30 mas não queria dar o braço a torcer). Continuei estudando sobre bebês mas nunca sobre partos. Falava pro Igor e ele começou a me pressionar pra termos um filho. Eu não achava que estava preparada nem financeiramente (mesmo que na época nós dois ganhássemos bem), nem psicologicamente (apesar de estudar tanto sobre bebês - eu achava que era tanto). Nessa época tivemos que tomar uma decisão de sair de Campinas. Nos mudamos pra Campo Grande MS. Nossos planos eram de abrir um negócio próprio aqui e trabalhar juntos. Quem sabe depois que já tivesse tudo engrenado eu tentaria ficar grávida. Minha mãe engravidou com dificuldade na primeira vez por ter síndrome dos ovários policísticos. Eu também tinha o mesmo problema então achava que comigo seria igual. Tinha parado de tomar pílulas há alguns meses porque estava sofrendo com a diminuição de testosterona no meu corpo. Chegamos em Campo Grande e eu já estava com cólicas menstruais há 3 dias e nada. Minha menstruação estava alguns dias atrasada então comecei a pensar que estava grávida. Não podia ser! Eu tinha planos, tinha até conseguido um emprego aqui até definirmos o plano de ação do nosso negócio. Como eu iria trabalhar? Ninguém ia querer me contratar! Resolvi esperar mais uma semana até o meu ciclo menstrual fechar então eu faria o teste de farmácia. Mas aquela cólica continuava. Não é possível. Eu ia menstruar. Com tudo isso acontecendo eu estava tão estressada. Mas associei tudo à TPM, a mudança, a falta de casa nova (estávamos morando na casa dos meus pais provisoriamente)... E não tinha enjôos. Acabou o mês, o ciclo fechou e eu não menstruei. Contei pro Igor, compramos o teste na farmácia e no outro dia de manhã... POSITIVO! E agora? Não vão me contratar. Sempre achei que ia trabalhar durante toda a gravidez! Sonhava com isso. Estava 30% feliz mas 70% decepcionada comigo por não ter planejado isso direito. Eu estava até sem plano de saúde. Fui tentar iniciar o pré natal no SUS mas fiquei muito chateada com o tratamento que recebi. Ia continuar mesmo assim mas recebemos a indicação de uma médica que faria meu pré natal por um preço acessível (100 reais a consulta particular pela tabela social da médica. ?) Aceitamos pensando, "Vai ser só uma vez por mês. A gente vai juntando dinheiro pro parto."Primeira consulta, 2 horas esperando no consultório, 15 minutos de consulta. Minha mãe e o Igor estavam comigo.  Ultrassom transvaginal e a confirmação: 6 semanas de gravidez. Pesa, afere pressão, preenche a caderneta, pede exames. -Perguntas? -Ah sim. Sinto algumas cólicas como se fosse menstruar. -Você está grávida. Tem que se comportar como uma. Você está com cólicas e está usando calça jeans? Aperta bem em cima do seu últero! Use roupas de grávida que vai passar. -Ok. Outra coisa. Sou professora de ginástica. Posso traba... -Só no início do segundo trimestre.  -Hum... Tá bom. Tenho sentido um pouco de fraqueza e tontura també...- Você tem que comer de 3 em 3 horas. Aí o Igor solta:-Ela é vegetariana também. -Então é por isso! Você deve estar comendo "muito saudável". Tem que comer carne pro seu bebê. Juro que ela disse assim! Fiquei decepcionada. Depois? Tchau! Até hoje não tenho certeza se sem olhar a caderneta ela sabe meu nome.Fiquei meio chateada mas pela situação toda pensei, vou continuar. Fui me acostumando com a idéia de estar grávida. Orei bastante, me senti confortada. Decidi que ia trabalhar apenas com consultoria de fitness à distância. Segunda consulta. -Tudo bem?-Tudo. - pensei, vou responder apenas o que ela perguntar. Estava indo bem, sem enjôos, apenas com umas enxaquecas de vez em quando se ficasse muito tempo sem comer. Mas não quis falar isso pra ela. Guardei. (?)- Muito bom. Pode deitar na maca. Ultra transvaginal, fala um pouco do bebê, pesa, afere pressão, anota. Pode sentar. O Igor estava comigo e resolveu perguntar pelo (preço do) parto. Ela passou uma tabelinha de preços de cesárea. Mais barato do que a gente esperava então ficamos felizes. Resolvi falar: -E se for um parto normal? Ela tirou o preço do anestesista e do auxiliar. Sempre ouvi dizer que os médicos cobram mais caro pelo parto normal então assustei. Continuei falando:-Dra. tem como saber se vai dar pra fazer um parto normal?-Não. Só quando chegar mais perto do parto. -Tem alguma coisa que eu possa fazer pra garantir que eu tenha um parto normal?-Se mantenha ativa e saudável. SE ESTIVER TUDO BEM fazemos seu parto normal. Na minha cabeça eu achava que se estiver tudo mal a gente faz a cesárea. E não o contrário. Não estava satisfeita mas acreditei nela. Depois disso minha irmã me falou sobre um documentário que ela assistiu sobre parto normal. Confesso que não dei muita atenção porque pensava que já sabia tudo sobre o assunto. Era só querer o parto normal que ele ia acontecer. Sabia que eu não queria episiotomia (já tinha estudado sobre isso no curso de fisioterapia) mas achava que era só falar isso pra médica que eu seria atendida. Mais um mês passou, terceira consulta. Mais espera, outros 10 minutos de consulta. Confesso que fui só pelo ultrassom. Era muito gostoso ver como o bebê tinha crescido e ouvir o coraçãozinho dele. Eu achava que era menina mas era muito cedo pra dizer. O Igor resolveu perguntar e ela decidiu olhar. Me assustei. Ela disse que parecia ser um menino. Não era pra eu comprar nada ainda mas o palpite dela é que era menino. Fui colocando isso na cabeça. Saímos felizes, ligamos pra todo mundo, começamos a pensar nos nomes, decidimos que seria Léo se fosse menino e Laura se fosse menina. Algumas semanas se passaram e eu lembrei do documentário que a minha irmã falou. Pensei em assistir. Falei com ela e ela me mostrou "O Renascimento do Parto". Fiquei chocada! Comecei a ver a minha médica ali no meio daquelas histórias de mães enganadas por médicos. As mesmas atitudes, as mesmas histórias. Garantindo o parto normal pra mãe até a hora do parto e depois inventando desculpas infalíveis como o cordão enrolado no pescoço, a bacia estreita, a falta de dilatação, a cesárea anterior, a gravidez gemelar, outras desculpas, desculpas... Mas a mulher confiou tanto no médico até ali! Não vai contrariar porque é pro bem dela e do bebê! No documentário conheci a violência obstétrica. Mesmo quando se consegue um parto normal. Manobra de Kristeller, posição de litotomia, sorinho de ocitocina sintética, mãe amarrada, clampeamento precoce de cordão, separação da mãe, sem amamentação precoce, com banho precoce (tchau, tchau vérnix) , com berçário...Daí entendi porque tantas mulheres optavam pela cesárea. Quem não quer um parto sem dor? Tem violência aqui também. Altos índices de prematuridade, bebê com pulmão despreparado, UTI neonatal, procedimento cirúrgico altamente invasivo, clampleamento prematuro de cordão, colírio de nitrato de prata, mãe amarrada, separação do bebê da mãe, pesa, mede, estica, esfrega, banho precoce, recuperação demorada, amamentação prejudicada...Mas nesse documentário descobri que as mulheres ainda conseguem parir! Descobri que não existe apenas duas opções. Não era só cesárea ou parto normal Frankenstein.  Existe uma terceira. Um parto protagonizado pela mulher, um parto cheio de amor. Descobri o coquetel do amor. Os hormônios do amor. Descobri que ainda existem equipes que atendem quando uma mulher diz que não quer episiotomia. Uma equipe que entende que a chegada do bebê precisa ser suave, sem violência e sem procedimentos desnecessários. Descobri as DOULAS S2. Descobri que a mulher não precisa ficar deitada sabendo que essa não é a melhor posição. Que ela pode se movimentar, pode comer, pode ter métodos não farmacológicos pra alívio de dor mas mesmo assim se ela quiser ela vai receber anestesia. Descobri os partos pélvicos. Descobri o parto na água, o parto domiciliar, o parto hospitalar decente. Chorei muito! Assisti com meus pais, com meu marido, assisti sozinha de novo e de novo... Compartilhei no facebook e daí não parei. Conheci várias páginas com conteúdo científico atualizado. Conheci a medicina baseada em evidências (MBE). Aí sim fui estudar. Engoli os artigos, as publicações. Recebi muitas críticas de pessoas que não tinham a mesma informação que eu tinha recebido. Não as culpo. Só queria avisar que existe mais do que todos nós conhecemos! Algumas pessoas achavam que eu estava contra elas. Também entendo elas. Mas não era isso. Não desisti. Conheci a Dra. Melania Amorim, a Ana Cristina Duarte, perfis no instagram e no facebook como o Partejar Com Amor e outras mulheres maravilhosas que me incentivaram demais mesmo sem saber. Conheci a pagina do Dr. Ricardo Jones. Quantas descobertas!Mas e a minha médica? O que fazer? Vai ficar em banho maria. Descobrimos que o Leo não era mais o Leo. Era uma menina. Desistimos de Laura e decidimos que ela ia se chamar Betina. Nossa menininha. Só queria fazer o melhor por ela. Meu coração chegava a doer só de pensar que isso podia ser tirado de mim pela médica. Recebemos uma oportunidade de sair do Brasil. Abraçamos. A Betina não vai mais ser mais brasileirinha. Era tanta coisa na cabeça que eu tentei focar na parte boa. Fora do Brasil minhas chances de ter um parto decente se multiplicariam. Então continuamos com a médica fofa faço-parto-normal-se-tiver-tudo-bem. Semana que vem mesmo tenho outra consulta com ela. Ela ainda não sabe mas vai ser a última. Só pra pegar a autorização pra viagem rs.  Dia 29 estamos indo. Vamos sem enxoval, sem quartinho, sem nada. Mas vamos com duas certezas. Deus está nos guiando e a Betina vai ter apenas o que for melhor pra ela. Estamos saudáveis, ela cresceu bastante mas apesar disso minha barriga é pequena (até nisso Deus nos ajudou), estou cheia de conhecimento, empoderada. Já conheci pela internet uma casa de parto na cidade onde vamos morar. Não vejo a hora de chegar lá pra conhecer ao vivo e tirar todas as minhas dúvidas. Mulheres, não se contentem com as informações que os médicos te dão. Existe sim um mercado de cesarianas no país. Isso é um assunto que interessa a todos. Uma hora a maioria das mulheres vai ficar grávida. Assistam ao documentário "O Renascimento do Parto". Conheçam pessoas que defendam o assunto da humanização do parto. Conversem comigo também. Posso ajudar um pouco. Enxoval não é importante. Sua mãe te criou com menos que isso. Quartinho lindo não é importante se o seu bebê correr o risco de passar as primeiras noites de sua vida na UTI. Muitas de nós achamos que isso é o melhor que podemos fazer por eles. Não! Não é. Bebês precisam de papais e mamães que lhes dediquem a Deus e lhes amem, leite materno, fraldas limpas e segurança. O resto é supérfluo. Invistam seu dinheiro em literatura de qualidade e em saúde (alimentação, exercícios e um parto saudável). Isso sim é o melhor que nós podemos fazer por eles. Bom estudo e vamos atrás que a luta é grande. 

Relato de Parto - Luciana Moreira

Engravidei pela primeira vez com 17 anos. Foi uma mistura de sentimentos dentro de mim. Mas desde que descobri, meu bebê foi querido. Tive uma gestação complicada, pois sou asmática. Então eu sentia muita falta de ar. Eu morava sozinha com duas amigas, perto da faculdade, longe da minha familia. Apesar das dificuldades, minha gestação corria bem. Até que às 25 semanas eu entrei em trabalho de parto. As 2h da madrugada do dia 19/10/12 comecei sentir uma cólica fraquinha. Mas nem me liguei que poderia ser o inicio de trabalho de parto. Peguei no sono. Acordei as 5h e pouco com uma dor muito forte. Chamei minha amiga pra me ajudar. Quando fiquei de pé vi escorrendo muito sangue pelas minhas pernas. Entrei em desespero! Ela me levou pra maternidade e lá fui super mal atendida (registrei BO quando tive alta). Entrei na maternidade numa cadeira de rodas porque eu não conseguia andar. Me levaram pra sala do medico. Ele olhou pra mim e disse: "sobe aí na maca pra eu te examinar". Falei: "não consigo andar. O senhor pode me ajudar?" ele respondeu: "pra fazer você não precisou de ajuda né? Suba sozinha." então eu subi. Demorei mas subi. Ele me fez um toque e disse: "8cm de dilatação. Ta já expulsando." e mandou a enfermeira me levar pra sala de parto. Ela veio me dar uma bata pra vestir e ele disse que não dava tempo. Pra me levar daquele jeito mesmo. Na sala de parto aplicaram em mim uma injeção pra amadurecer o pulmão do meu filho e me colocaram no soro. As enfermeiras saíram e me deixaram lá sozinha. As dores estavam muito fortes e eu estava ficando desfalecida. Minha bolsa estourou as 8h da manhã. Um tempo depois senti uma coisinha na minha vagina. Coloquei a mão e senti um pézinho. Chamei a enfermeira e falei que ele ia nascer. Ela gritou de onde estava: "tem calma menina! Não vai nascer agora não". Senti vontade de fazer força. O pé foi mais pra fora um pouco. Só um. Comecei a implorar que ela viesse me ajudar, e ela veio. Fez uma cara de espanto, colocou a mao dentro da minha vagina. Puxou o outro pé e ficava puxando os dois pra o bebê sair. Eu fazia faculdade de enfermagem e sabia que era errado o que ela tava fazendo. Então pedi que ela esperasse o meu tempo e o tempo dele, que não puxasse pois tava me machucando. Ela nem ligou. Senti dor demais!!! Quando ele nasceu ela rapidinho saiu com ele da sala. Correndo. Uns 5min depois, voltou dizendo: "ele morreu. era muito novinho" e foi embora. Falei que queria vê-lo. Pedi pra ela trazer. Ela falou "ah, ja ta embalado!" me irritei e comecei falar alto "traga meu filho aquiiiii!!!" depois de eu pedir umas 4 vezes ela trouxe. Desembrulhei ele, e ficamos lá, eu e ele. Chorei minha dor, abracei, beijei... E fiquei com ele um tempo. Ele tinha 800g e 44cm. Estava todo formadinho... Depois devolvi pra outra enfermeira que viu meu estado e foi ficar comigo, foi super gentil. Sai de lá atormentada. As palavras não saiam da minha mente... O rosto do meu filho tambem não. Algo me faltava... Depois de uma semana, falei com meu marido (na época namorado) que eu queria outro bebê.  Não para substituir Miguel, mas pra amenizar minha dor.

terça-feira, 20 de janeiro de 2015

Relato de Parto - Irene Mazullo


O meu parto começou a muitos meses atrás, quando eu descobri que estava grávida. Sempre soube que queria um parto normal, mas assim que descobri a gravidez, pesquisei sobre todos os tipos de parto e acabei assistindo ao filme "O renascimento do parto" junto com meu marido e nossa vida mudou.

Serio! Ele virou para mim e disse: Eu vou te apoiar no que você quiser fazer.
E me apoiou mesmo. Até quando a família e amigos nos disseram que era uma loucura.

Não era loucura. Era um sonho.

Então quando eu fiz nove meses de gravidez, tudo pronto e planejado... Começou a surgir a ansiedade. O bebê estava muito grande nas US. Mais de 4kg e nada de sinal de ele nascer. No meio de tudo isso ele me deu um prazo: Se o bebê não vier até as 40 semanas, vamos ao hospital induzir o parto.

Lembro que isso foi em um sábado. Passei o domingo angustiada prestando atenção no meu corpo e vendo se JB não dava algum sinal. De domingo para segunda era a troca de lua, e fiquei focada naquilo. E quando foi 2:30h da madrugada do dia 05, senti uma água descendo pelas minhas pernas. Corri para o banheiro e depois falamos com o médico.

Calma! Vamos fazer uma US para vê se rompeu a bolsa ou não. Nisso, eu já estava usando fralda, pois escorria muita água, e o tampão também começou a sair.
Fomos para o hospital somente na noite seguinte e a US mostrou que o bebê estava com 4,4kg e a bolsa não havia rompido.

O médico da emergência já me encaminhou para uma cesárea... E lembro de ver o rosto pálido do meu marido. Ele também não estava preparado para aquilo.
Pedimos para dar um tempo e conversamos do lado de fora do hospital.
Eu não queria a cesárea. Eu queria esperar o bebê dar sinal de que estava chegando.
Fomos para casa e a equipe de parto chegou logo depois. Conversamos e eles me explicaram quando eu deveria chamá-los.

quarta-feira, 7 de janeiro de 2015

Relato de parto - Bruna Cercal





Caminhadas. Acupuntura. Massagem perineal. Agachamento. Chá da Naolí. Gengibre. Comida apimentada. Amor com o marido. Banho quente. Bola de pilates. Florais. Tudo que vocês possam imaginar para fazer no intuito de ajudar a entrar em trabalho de parto, eu fiz. Minha equipe passou a me acompanhar várias vezes por dia depois das 41 semanas (meus anjos), e sempre me tranquilizavam dizendo que estava tudo bem. Na consulta de 41 semanas e 6 dias eu chorei, chorei muito. E elas me resgataram... Eu sempre preguei aqui que a humanização não é apenas parir em casa. É parir onde você se sente segura. E foi isso que elas me lembraram. Eu sempre fui empoderada do meu momento e não podia me perder depois de tanta luta. Posso dizer que chegar até 42 semanas é um teste de paciência e de auto conhecimento. A pressão das outras pessoas é tão cansativa, que te levam ao teu limite. Tem que ter muita convicção e acreditar muito em você (sempre acompanhada de uma equipe que monitore seu bebê e diga que está tudo bem), pq senão vc cede! No dia que completei 42 semanas, acordei determinada... 6hs da manhã eu e meu marido fomos caminhar, cheguei em casa, chá da Naoli, banho quente e consulta. Fui super orientada, a Ana fez um toque e disse que eu ainda não tinha 1 dedo de dilatação (o que era normal já que eu não estava em trabalho de parto - cito isso pq muitos médicos usam a desculpa "da falta de dilatação" para a gestante sem que ela esteja em trabalho de parto ativo), e me pediu para caminhar bastante que a tarde ela viria fazer uma nova consulta. Lembro que deitei para descansar (sentia contrações irregulares, mas que não tomavam ritmo), e quando acordei, fui novamente caminhar com meu marido, durante 3 horas... Várias contrações no caminho, mas nada que me deixasse em alerta. Cheguei em casa, banho quente e consulta. Conversei muito com a Ana, e ela me orientou dos procedimentos caso eu não entrasse em trabalho de parto durante a madrugada.

Relato de parto - Gabrielle Mota






Muita gente vem me pedindo o relato do meu parto, e hoje, um mês depois, é com muito orgulho que vou deixar registrado aqui a história do nascimento da Thayla.

Meu sonho sempre foi ser mãe e junto do Thiago essa vontade só cresceu... Depois de 5 anos de namoro, dentre esses, 2 anos morando juntos, resolvi parar com a pílula (também pq eu sempre esquecia de tomá-las), não estávamos tentando engravidar, mas se acontecesse, seria a hora certa. Depois de 6 meses a hora chegou, estávamos grávidos!!
Desde o início da gestação comecei ler relatos de parto e sempre pensava em como seria o meu. Decidi pelo parto humanizado assim que descobri a gravidez, pesquisei muito e isso passou ser um sonho nosso (meu e do Thiago que também passou a defender e militar pelo nascimento digno e respeitoso que todos os bebês deveriam receber). Informei meu médico, o mesmo não deu muita importância, falou que conversaríamos sobre isso no decorrer da gravidez, eu insistia pra conversar, afinal, ele era meu médico e deveria respeitar minha decisão, eu estava "sedenta" de informações e precisava me sentir segura com ele, o que nunca aconteceu. Troquei de médico no 4 mês de gestação, Dr. Juliano foi escolhido a dedo e finalmente eu senti que estava no caminho... confiamos a ele nosso sonho e o mesmo sempre respeitou, lembro da primeira consulta, quando ele me parabenizou pela decisão, também nos orientou procurar uma enfermeira obstetra e tinha de ser a Honielly, eu já havia lido muito sobre ela e desejei ela! Tudo dando certo, eu estava nas nuvens e só pensava no parto... com 5 meses descobrimos que seria uma menina, a nossa Thayla!!