Adianto que talvez seja longo, talvez não tenha linearidade, talvez perca o sentido, mas é que assim como foi vivido, será relatado. Aproveito que as lembranças ainda estão vivas e os hormônios ainda agem, para tentar deixar o mais fiel a realidade.
Não começo pelo dia do parto, começo há mais de um ano atrás, quando
assisti ao documentário ‘O Renascimento do Parto”. Documentário esse que
estapiou minha cara, me fez pensar por semanas, me apresentou grandes
nomes da humanização do nascimento. Depois de assistir o documentário
fiquei calada, por uma semana não falei nada com Daniel (marido) sobre o
que havíamos visto. Afinal era claro que toda a minha convicção e todo
‘meu saber’ sobre partos haviam sido manipulados a vida inteira, por
crendices populares, por práticas profissionais inadequadas, por
achismos.
Eu havia me decidido, se um dia engravidasse, meu filho viria ao mundo
por um parto normal, um parto meu e dele, um parto verdadeiro, sem que
ninguém roubasse isso de nós. Mal sabia eu que esse caminho era sem
volta, a porta havia sido aberta pelo lado de dentro, mergulhei no
universo da humanização.