terça-feira, 15 de dezembro de 2015

Relato de Parto - Núbia Inforsato





Adianto que talvez seja longo, talvez não tenha linearidade, talvez perca o sentido, mas é que assim como foi vivido, será relatado. Aproveito que as lembranças ainda estão vivas e os hormônios ainda agem, para tentar deixar o mais fiel a realidade.
Não começo pelo dia do parto, começo há mais de um ano atrás, quando assisti ao documentário ‘O Renascimento do Parto”. Documentário esse que estapiou minha cara, me fez pensar por semanas, me apresentou grandes nomes da humanização do nascimento. Depois de assistir o documentário fiquei calada, por uma semana não falei nada com Daniel (marido) sobre o que havíamos visto. Afinal era claro que toda a minha convicção e todo ‘meu saber’ sobre partos haviam sido manipulados a vida inteira, por crendices populares, por práticas profissionais inadequadas, por achismos.
Eu havia me decidido, se um dia engravidasse, meu filho viria ao mundo por um parto normal, um parto meu e dele, um parto verdadeiro, sem que ninguém roubasse isso de nós. Mal sabia eu que esse caminho era sem volta, a porta havia sido aberta pelo lado de dentro, mergulhei no universo da humanização.

segunda-feira, 14 de dezembro de 2015

Relato de Parto - Aiadny Fraga

Com exatamente 40 semanas (25.08.15), tive bolsa rota e baixei hospital (16:00hrs) com 3cm de dilatação, trancaram meu marido na rua e não deixaram entrar (pequeno detalhe) as 23:00hrs já tinha fechado 9cm fiquei até a 1:30 sem evolução, 'sorinho', trabalho de parto forte, muita dor, BUM, apagaram as luzes, escuro, medo, desespero, abandono.

As 2:00hrs fiquei sabendo que iria pra cesárea se não evoluísse, tomei banho QUENTE e me coloram de pés descalços no piso FRIO (tosse e gripe) as 02:40 me 'limparam' e colocaram a sonda na bexiga sem me avisar e sem anestesia (gritei muito), então começou a vontade de fazer força, força, força, a força vinha de dentro de mim, logo, anestesia e BUM, mãos amarradas, pano na frente, fios colados no meu peito, anestesista, médicos, enfermeiras, marido. Medo, angústia, nervosismo, tremedeira, tonturas.

03:37 Bebê nasceu, levaram pra longe de mim, não me mostraram, nem chorou, nem sabia que tinha nascido, nem vi o rosto, nem vi o jeito, nem senti o calorzinho dela em meu peito.
Pós parto, no quarto: sem acompanhante.
"Você não precisa de ninguém, as enfermeiras estão aqui contigo pra isso."

Resultado: Medo, trauma, choros repentinos, anti depressivos, sentimento de culpa, sentimento de impotência e aquela pergunta que me faço todos os dias: porque meu Deus? Porque comigo?


Aiadny Fraga, 19 anos, Porto Alegrense.