sexta-feira, 29 de maio de 2015

Relato de Parto - Caroline - Mamãe de Guri


> Acho super importante compartilhar com outras mulheres a experiência do parto. Independente do tipo de parto escolhido, acredito que quando a gente divide experiências, consegue ajudar outras mulheres a passar por esse processo que (parece ser) bem complexo na vida da gente. Eu sempre quis ter parto normal, mesmo antes de engravidar eu me espelhava em minha mãe, que teve seus cinco filhos dessa forma. Bem antes de engravidar, tmb comecei a pesquisar mais sobre gestação e descobri o parto #humanizado. Demorei quase um ano para engravidar e, quando eu desisti, Deus mandou meu bebê. Continuei pesquisando muito sobre parto humanizado e me preparei psicologicamente durante toda a gravidez, além de preparar meu corpo também: exercícios na bola de pilates, hidroginástica, massagem perineal (com a ajuda do maridão), conversas com a doula que também me acompanhou no nascimento do meu filho etc. Enfim, fiz de tudo um pouco e nada de forma exagerada.

> Mas vamos ao que interessa!




> No dia 16 de março eu e o @paideguri saímos para dar um passeio com o nosso cachorro e eu quis caminhar um pouco mais pra ajudar o corpo a dar início a dilatação. Chegando em casa, fiz vários exercícios na bola de pilates, rebolei bastante, mas não sentia nada de diferente. Antes de ir dormir me lembro que ainda fiz uns agachamentos e fiquei de cócoras um tempo, depois orei (e chorei, pq estava exausta da gravidez) pedindo a Deus que mandasse logo meu pacotinho pros meus braços. Fui dormir. Lá pelas 3:00 e pouco da madrugada, segurei a barriga pra me virar e posso jurar que escutei um barulho diferente dentro de mim (seria a bolsa rompendo?). Fiquei um pouco aflita e resolvi não me mexer mais, mesmo com vontade de fazer xixi! Às 4:30 da manhã, me acordei novamente pois a vontade de ir ao banheiro estava demais e me virei na cama de novo. Foi aí que eu senti um líquido quente escorrer e, mesmo deitada, percebi que era muita quantidade pra ser uma simples escapadinha de xixi! Levantei devagar e toquei no lençol, cheirei o líquido e vi que não era mesmo xixi: minha bolsa tinha rompido! A emoção tomou conta de mim e fiquei eufórica, mas ao mesmo tempo estava desacreditada.

> Fui até o banheiro, sentei no vaso e finalmente esvaziei a bexiga e logo depois saiu muito líquido, muito mesmo! Sabe aquelas cenas de filme em que a bolsa se rompe e a mulher encharca tudo? Pois é! Isso acontece apenas com cerca de 10% das gestantes e eu entrei na estatística. Olhei no vaso e o líquido era claro, parecia água de coco, pois tinha uns grumos branquinhos. Coloquei a calcinha-fralda (é uma roupa íntima descartável que eu comprei pra levar pro hospital, da marca Plenitude, fica a dica! ) pra ficar observando se o líquido continuaria saindo e o mais importante, se continuaria claro e limpo, indicando que o bebê não havia feito cocozinho lá dentro.
> Voltei pro quarto emocionada e sussurrei no ouvido do marido: "Deus ouviu minhas preces! O Theo está chegando." Até aí ele nem se mexeu, se fez de salame e continuou dormindo. Aí eu continuei: minha bolsa estourou! Gente, esse homem acordou tão rápido! E só me perguntou assustado: sério!???! E eu respondi calmamente: "sim, mas pode voltar a dormir!" (Cuma??!!)
> Falei que iria ligar e avisar a doula, tomar um banho e voltar a dormir tmb, mas quem disse que a ansiedade deixou? Avisei a doula e fui tomar banho, depois comi e fui rebolar na bola de pilates. Por volta das 6 da manhã comecei a sentir as contrações. Elas eram leves na intensidade, mas vinham num intervalo de 3 em 3 minutos. Mandei um whats pro meu médico G.O avisando que a bolsa tinha rompido e que as dores eram fracas e ele pediu que às 10:30 eu fosse para o hospital, pois se eu esperasse demais com a bolsa rota pra ter o bebê, o hospital seguiria o protocolo de deixá-lo internado apenas para observação e óbvio que eu não aceitaria ficar longe do meu pacotinho.
> Ajeitamos as malas, o @paideguri foi no mercado e eu fiquei em casa, sozinha (sim, sozinha e sem medo, afinal eu estava parindo e não morrendo! Kkkk), fiquei me conectando com o meu bebê, sempre conversando com ele, explicando que havia chegado a hora e que juntos trabalharíamos para trazê-lo para o lado de cá. Hoje quando eu lembro percebo que ter ficado sozinha essa meia horinha foi ótimo pra mim!

> O marido chegou, tomei chá de canela, comi o bolo de banana que eu tinha feito na noite anterior e tirei fotos. Depois me vesti e seguimos para o hospital, que fica a 3 minutos de onde moramos. Chegamos lá no horário que o medico pediu e só fui ser atendida pela enfermagem cerca de 1 hora depois. A médica plantonista fez o toque e eu estava com 3 cm de dilatação (e a dor ainda era fraca...). Depois disso ligaram pro meu G.O avisando que eu estava lá e ele autorizou que me levassem para a sala de "PPP" (pré parto, parto e pós parto) para que me colocassem na ocitocina. Eu fiquei mega decepcionada quando soube, pensei que pudesse esperar mais pelo meu corpo dar início ao processo de forma natural e depois de discutir com a enfermeira, acabei cedendo, lembrando que se eu demorasse pra ter o bebê ele acabaria ficando em observação apenas por "costume" do hospital. Fiz a minha escolha. Nesse momento aceitei que o parto é uma aventura e que, por mais que nos preparemos pra esse momento, dificilmente temos o controle da situação! Sabe aquela frase: "aceita que dói menos"?! Pois foi assim... Só que o contrário! Hehe! (Ocitocina marvada).

> Então lá fui eu ser "ocitocinada" e monitorada pelo MAP (aparelho que capta os batimentos e movimentos do bebê, além das contrações) e logo depois entraram na sala meu marido e a doula. Isso era por volta das 12:00 e em questão de minutos as contrações começaram a vir mais ritmadas e muito, muuuitooo mais doloridas. Cada contração que vinha me colocava mais na partolândia e eu vocalizava e imaginava uma onda me levando. Sabia que tinha que aceitar e me abrir pra dor, relaxar e não tentar impedir o que era inevitável, tinha em mente que aquela dor estava me trazendo o meu bebê, tão amado e esperado! No fim de cada contração eu sentia um prazer difícil de explicar, primeiro a dor e depois o prazer, bem como uma onda, e aquela experiência ia me envolvendo mais e mais... Nessas horas a gente perde noção de tempo e de todo o resto, só me lembro que falei: "já estou com vontade de fazer cocô!" E a doula respondeu: "querida, deve ser cocô mesmo então, porque acho cedo pra ser o bebê", já que fazia pouco tempo que haviam me colocado na ocitocina.
> Ela me ajudou a levantar (eu ainda estava na maca, monitorando o bebê e recebendo a ocitocina) e fomos até o banheiro. Sentei na privada e cada contração fazia eu urrar de dor, a vontade de fazer cocô vinha e conseguia fazer aos poucos. Depois a doula me ofereceu o chuveiro e eu, com as dores cada vez mais apertadas e quase sem tempo de descanso entre elas, aceitei. Nesse meio tempo meu médico estava chegando, deu um "oi" e foi buscar a bola de pilates e a piscina que iríamos encher debaixo do chuveiro pra ajudar a aliviar as dores.
> Ainda com o apoio da doula, de pé no chuveiro, percebi que as dores tinham tomado uma proporção bem maior, estava diferente, mas eu ainda sentia aquela onda de prazer no final e só o que eu fazia era gemer! E a vontade de fazer cocô não passava, eu avisei a doula e coloquei a mão na entrada da vagina e falei: "acho que estou sentindo ele!" Eu sentia que a cada contração ele descia e depois voltava um pouco. Então meu médico perguntou: "quer que eu examine?" E eu: "siimm! Pelo amor de Deus! Estou sentindo ele aqui!"
> Ele colocou as luvas e veio checar: "MEU DEUS! É ele mesmo!", ele gritou. E avisou a equipe, dando uma alegre gargalhada e comemorando: "vai nascer, pessoal! Que rápido!"
> Nesse momento começou uma correria no quarto, era enfermeira pra lá, doula pra cá, o marido desesperado! Não tinha nada pronto, a banheira nem tinha sido enchida, a baqueta de cócoras não estava posicionada, os campos (tecidos esterilizados) não estavam a postos e eu ainda estava em pé no chuveiro!
> Enquanto a equipe corria, a doula me ajudava a andar até a banqueta. Imaginem a cena: eu, completamente nua e molhada, caminhando com as pernas abertas com um bebê prestes a "escorregar" para a vida!
> Sentei na banqueta e meu marido se posicionou atrás de mim, enquanto isso o médico gritava: "espera, espera! Segura esse bebê, não faz força ainda!"
> Esse foi um dos momentos mais loucos, porque comecei a voltar para a realidade, sair da partolândia. Estava chegando o momento! E já era impossível segurar! Comecei a fazer força e em cerca de 5 minutos o Theo nasceu! Pude sentir o corpinho quente dele escorregando pra fora e logo em seguida ele foi colocado no meu colo. Foi lindo! O @paideguri chorava de soluçar e eu era só alegria! Eu olhava pro meu filho e só conseguia dizer: "tu é lindo!"  Beijava e repetia o quanto ele era lindo e maravilhoso.
> O cordão parou de pulsar e lá foi o papai cortar. Depois o Theo ficou no meu colo um tempo, "mamuscou" meu seio e tentava abrir os olhinhos, a cena mais linda desse mundo! Limparam as vias respiratórias dele apenas com a "perinha" e depois levaram ele com o papai pra pesar e tomar a vacina da hepatite e vitamina K. Ele não recebeu o colírio de nitrato de prata e não foi aspirado, além disso não tomou banho no berçário.
> Nesse momento eu ainda estava na sala e precisava parir a placenta. O médico massageou por fora, o que doeu demais! Enfim a placenta saiu e o alívio foi completo! Alguns minutos depois voltei pra maca pois ele queria examinar meu períneo e checar se havia lacerado, já que não havia sido feita episiotomia. Depois de olhar, constatou que o períneo estava íntegro! Eu só tive uma pequena laceração em um dos pequenos lábios, bem próximo a uretra, devido a fricção, o contato do bebê com a pele na hora do expulsivo, mais foi algo tão pequeno que não precisou de nenhum ponto.
> O restante da história é um relato à parte, pois naquele dia fiquei sem leito, dormi sem o marido num cantinho da área da observação do hospital... Parece que todas as gravidinhas resolveram parir naquele mesmo dia e o hospital lotou!

> Enfim, apesar desse imprevisto o meu parto foi muito comentado pela rapidez com que tudo ocorreu, ainda mais por ser o meu primeiro filho. Theozinho chegou mesmo decidido, com seus 3.435kg e 48cm!  E eu sou muito grata por isso. A minha recuperação foi a melhor possível, logo após o parto eu já estava caminhando sozinha, sentando, comendo normal. Quando finalmente consegui um leito, tomei banho sem ajuda, lavei o cabelo (não fica louca não viu gente?! Pode lavar sim! Haha) e cuidei do Theo sem precisar de enfermeira. No dia seguinte, recebemos alta e fomos para casa curtir nosso pacotinho! Dispensei toda e qualquer visita (com exceção da doula que fez a última visita pra auxiliar com a amamentação) e durante o primeiro mês praticamente fomos só nós três, curtindo um ao outro em nossa lua de leite! 

> Enfim, meninas (e maridos)... espero que o meu relato sirva de inspiração pra quem deseja ter um parto natural, respeitoso e sem intervenções desnecessárias. Quem quiser fique à vontade para perguntar sobre o parto, ficarei muito feliz em responder tudo!

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