sexta-feira, 20 de março de 2015

Relato de Parto - Emille Avelar



A história do meu parto começa muito antes de eu entrar em trabalho de parto(TP). Bem, tudo começou com a descoberta da gravidez.  pois, é só a partir daí que a gente começa a pensar e se preocupar com o parto. Eu já era acompanhada por um GO e fazia tratamento por ser portadora de SOP (Síndrome do ovário policistico). Então,  ao descobrir a gravidez pensei que seria melhor ser acompanhada por ele.

O fato é que eu sempre fui muito comunicativa e desde a primeira consulta queria conversar sobre o parto. Eu não sabia nada sobre parto humanizado,  mas uma coisa eu tinha certeza, eu não queria ser operada. Eu não queria tirar meu filho, Eu queria que ele nascesse no tempo dele. Mas , inicialmente meu GO fugia do assunto dizendo que era cedo para falar sobre o parto. No primeiro momento acreditei que ele estava certo, mas nesse ponto começou minha insatisfação.  Faço questão de relatar aqui  o quanto alguns obstetras são secos e frios. Não informam, não conversam, não nos dão opção e as vezes nem querem nos ouvir.  Para ele eu era apenas mais uma grávida. Porém,  Era o meu momento!  a fase mais marcante e especial da vida de uma mulher. Na minha opinião, aí é que começa o respeito e a humanização.


Enfim, começei a buscar as informações que eu precisava. Assistir documentários, ler , ouvir relatos de quem ja havia parido.  Algumas me encorajavam muito! Os adeptos da cesariana me criticavam.  E eu cada vez mais estava segura e decidida.
Cuidei da alimentação e busquei ser uma grávida bastante ativa.  fazia caminhadas, exercícios ...e trabalhei normalmente.

O oitavo mês se aproximava e eu resolvi tocar no assunto do parto novamente com o GO. Ele mais uma vez me disse que era cedo pra falar sobre isso.  eu fiquei bastante aborrecida e disse a Ele que essa conversa já havia passado da hora! Falei que estava decididane que queria parto natural humanizado. Ele teve a audácia de dizer que eu não sabia o que estava dizendo!  me disse que não tinha necessidade de sentir dor, além do que o TP demoraria muito  pelo fato de ser meu primeiro filho, e se eu realmente queria isso teria que acertar um valor com ele por fora do plano. Achei absurdo!  saí do consultório decidida a tocar de GO.o problema é que eu estava no final da gravidez e seria muito difícil encontrar um GO que me aceitasse, e para completar era próximo a abertura da copa e os médicos não estavam aceitando novos pacientes.

Em meio a tudo isso tive uma ameaça de parto prematuro com 34 semanas de gestação. Procurei a urgência da maternidade samel. cheguei lá com 1, 5 cm de dilatação. Fizeram uma medicação para amadurecer os pulmões do meu bebê, e fiquei internada por dois dias para avaliar se o TP ia evoluir. Não evoluiu. Então não era hora ainda! recebi alta e fui para casa sob a recomendação de repouso absoluto. Eu acredito que tudo tem um propósito! Por meio dessa circunstância , conheci o trabalho de conscientização e incentivo ao parto humanizado da Samel. Decidi prontamente que meu parto seria lá com a equipe que estivesse no plantão.

Procurei um GO apenas para ser avaliada e fazer os exames finais do pré-natal. Dra. Eliane Correa , foi maravilhosa!  me aceitou , encorajou e elogiou minha decisão.
Exatamente 9 dias após a última consulta,  as 15h do dia 24 de junho de  2014 comecei a sentir as primeiras dores....espaçadas e irregulares. Fui ao banheiro e notei um pouco do tampão mucoso.  Quis ficar nervosa, mas consegui segurar e ficar tranquila. Quando meu marido chegou do trabalho, o intervalo das contratações diminuram mas pensávamos que ainda ia demorar e decidimos ir para maternidade apenas pela manhã. Acontece que as horas foram passando , a dor apertando e fui novamente ao banheiro e agora comecei a sangrar.  falei ao meu marido e disse que era hora de ir. Tomei um banho , me arrumei ,pegamos as bolsas e fomos.  No caminho,  senti medo de não conseguir .....mas,  desviei o pensamento para o outro lado! Estava feliz ......o momento mais esperado havia chegado!  o dia que eu poderia pegar meu João no colo,  ver o seu rostinho....uma mistura de emoções. Ansiedade, felicidade, medo...mas sabia que tudo daria certo. Orei muito a Deus durante a gravidez pedindo que Ele preparasse tudo para esse momento.

Cheguei na maternidade próximo de meia noite! Fui avaliada e para minha surpresa já etava com 7 cm de dilatação. Fiquei muito feliz... Faltava pouco.

Fui caminhar pelo hospital para ajudar na dilatação. Meu marido caminhava comigo me amparando a cada contração me encorajando. 1h da manhã a obstetra plantonista voltou a me examinar e estava com 8 cm....... A dor começou aumentar e comecei a ficar inquieta. Caminhei um pouco mais e fui para bola de pilates. Voltei a ser avaliada mas ja havia perdido a noção do tempo, estava agora com dilatação total, o problema e que as contrações ainda estavam em 3 a cada 10 min. Acho! Ou seja não tinha uma dinâmica para a fase de expulsão. A GO Edily perguntou se eu queria induzir. Mas eu preferi esperar um pouco mais. Então, ela me propôs o seguinte: ela iria esperar mais um pouco e me avaliaria novamente, se não tivesse a dinâmica necessária faria uma cesariana , se eu aceitasse....não concordei! Disse a ela que sabia que ia evoluir. Ela me respeitou muito! 

Disse que eu era valente. Isso me encorajou mais ainda.  Nesse intervalo a dor começou a apertar e eu pedi pra deitar.... Quando fui para a maca a bolsa estourou e a dor tomou proporções ainda maiores. Voltei para barra que tinha na sala de parto e voltei a fazer os exercícios amparada pelo meu marido. Senti o bebê descendo e pedi para deitar novamente. Comecei a fazer força, a obstetra me tranquilizou e disse que não precisava desespero. Era só esperar a contração e a vontade de fazer força. A partir daí comecei a me concentrar na respiração, meu marido ficou por trás de mim apoiando minha cabeça e me incentivando carinhosamente.  Eu ja estava cansada quando meu marido disse que estava vendo a cabeça dele, isso me encorajou e dessa vez fiz a última força e meu menininho nasceu e foi logo colocado em cima de mim...senti ele quentinho e abracei meu bebê! A emoção é indescritível.

A Dra. Edily tornou a dizer que eu fui uma mãe valente! Nos parabenizou e disse palavras muito bonitas.O cordão umbilical foi cortado quando parou de pulsar. Logo levantei para tomar um banho enquanto o bebê vestia a roupinha que eu escolhi. Nos encontramos novamente no quarto e ele veio direto mamar. Ele nasceu no dia 25 de junho de 2014 e eu
renasci.....ali naquele momento.A dor ? Passou na mesma hora!  não é insuportável!  é uma dor boa, é dor de amor, a dor que trás uma vida. A mulher nasce com esse poder, foi criada com essa força para parir! Não me arrependo da minha escolha e faria tudo novamente.


Um comentário:

  1. Muito lindo! Estou com 34 semanas e a cada dia mais animada!! Parabéns!

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