sexta-feira, 20 de março de 2015

Relato de Parto - Nathalia Moura


Há exatos 2 meses, pude experiênciar todo o poder e a força que TODAS nós, mulheres temos dentro de nós, adormecida, apenas aguardando para ser despertada.
Estávamos com 38 semanas + 5 dias e eu realmente acreditava que Maria Clara só viria com 40, 41 ou até 42 semanas. Era uma estratégia para conter a ansiedade, a minha, mas especialmente a dos outros. Uma das muitas táticas de quando se rema contra a maré e se opta por ser protagonista do seu parto, e da sua vida. Esperar o bebê mostrar que está pronto para nascer, respeitar toda a fisiologia do corpo, acreditar na natureza. Decidir por um parto natural humanizado requer coragem sim, para ir contra tudo e todos, para lidar com as críticas, recomendações, palpites e recriminações alheias, para desistir da sua GO fofa que já fez a cesárea de várias amigas e ir para o outro lado da cidade atrás da GO que de fato acredita no potencial de toda mulher que quer parir.

Logo eu, tão prática!!!! Sentia dentro de mim de forma arrebatadora (não tinha como negar ou fugir, pensamentos constantes, sonhos a noite) que este era o nosso caminho, já devia ser o tal “instinto materno” me dizendo que devia optar por mais segurança e saúde para o meu bebê e não para o que fosse mais fácil e conveniente para mim.
A etapa seguinte era convencer o marido, que junto com o “senso comum” acreditava que cesárea era mais seguro, mas o remédio para isso é simples, só exige vontade: informação!!!! E então ele mesmo começou a pesquisar, e rapidinho se convenceu: “Vamos nessa juntos!” Pronto, era apenas o que eu precisa, do apoio DELE, do pai da minha filha, agora temos toda a força para encarar o mundo! E assim chegamos até o dia 8 de janeiro de 2015.
Fui para minha yoga de manhã, mesmo sentindo uma leve cólica desde o dia anterior, a recomendação era “vida normal, se movimente que isso ajuda a dilatar o colo do útero”. Até me empolguei mais do que o normal na aula, dei umas forçadinhas. No final senti uma cólica mais forte que logo passou.

Fomos a consulta com a futura pediatra as 13 hs para decidirmos com ela, o que era procedimento desnecessário, apenas incômodo e agressivo, para não ser realizado na Maria Clara logo que nascesse e colocar isso em nosso plano de parto. Tudo acertado, fui para casa e logo depois de tomar banho e sentir uma cólica mais forte “em onda”, minha bolsa rompeu!!!! Muita emoção, liguei pro papai “volta pra casa” e para minha mãe, chorando, super emocionada, sabia que ela estava pronta e em breve estaria conosco. As contrações se iniciaram imediatamente, comecei a marcar com o aplicativo e já vinham de 5 em 5 minutos e duravam 40 a 60 segundos. Não realizei na hora que isso já indicava um trabalho de parto de fato, estava tão emocionada e envolvida com o sentimento, mas já estava em contato com minha linda doula Aline Barreto e com minha médica Ana Fialho. 

As contrações vinham e eu achava graça, gravei vídeo toda feliz kkkkkkk, marido chegou em casa, ficamos curtindo, ouvindo músicas. Quando a doula chegou descemos para caminhar pela rua com nossa cachorrinha, e durante uns 30 minutos, senti as contrações se intensificando, subimos, e fui para o chuveiro, agora era a prova: água quentinha nas costas, se aliviasse significava que o trabalho de parto estava apenas engrenando............mas............piorou........ muito, perdeu a graça sabe!?! Não tinha posição, ainda fiquei uns 40 minutos ouvindo as minhas músicas escolhidas para o parto, a luz de velas e deixando a água cair, afinal estava há apenas 2 minutos da maternidade. Só que não kkkkkk, neste momento me contaram que minha médica estava em um emergência do outro lado da cidade, e que deveríamos ir para lá, ou ela encaminharia outra equipe para a maternidade próxima. Olha, “falando” agora essa seria a pior notícia do mundo, mas na hora, juro, não me desesperei, já estava em um estado meio meditativo, onde não haviam muitos pensamentos apenas ações e sensações. Os 40 minutos dentro do carro em trabalho de parto bombante não são mesmo nada legais, me concentrei no meu mantra budista NAM MIO HO REN GUE KYO, poderoso!!! Me manteve alerta e calma, até dava palpites no melhor caminho a fazer kkkkk, mas chegando bem perto da maternidade senti “a tal” vontade de fazer força........mas já?...... pensei.......achei que demoraria muito mais pra chegar neste “gran finale”. Minha bolsa estorou as 16 hs, isso era 21:40 da noite, 10 cm de dilatação em 5:40hs? entrei hospital a dentro em cena de filme, “SOCORRO, ESTOU PARINDO”, eles, queriam meu CPF, até parece né!!! Fomos entrando, do elevador para sala de parto em 1 minuto, sem nem ter dado entrada oficialmente kkkkkkkk.

O período expulsivo sim foi looooooongo, exaustivo, me fez sentir de fato A DOR, a dor da VIDA, a dor que nos faz mulheres tão poderosas e empoderadas de nós mesmas. A contração passa e você continua ali, VIVA, mesmo achando que vai partir ao meio, querendo trazer seu filho para o mundo, querendo dar A LUZ a ele.
Todo a gratidão ao maravilhoso companheiro da minha vida Tiago, que se manteve firme, vendo todo aquele esforço e dor no meu rosto, empoderado sobre todo o processo, me incentivando, me fazendo lembrar o quanto queríamos que fosse assim, que seria bom para ela, que ela nasceria mais forte!
Me movimentava de todas as formas, bebia água e isotônico, queria sempre voltar para a banqueta e ficar de cócoras, sentia que ela nasceria naquela posição. Constantemente a médica conferia os batimentos cardíacos da bebê durante as contrações, e cheguei a achar que havia algo errado, estava demorando......o  expulsivo costuma ser mais rápido..........já havia 1 hora e meia que estava ali.

O tempo.........não me assustava, estava mesmo muito confiante e não sentia vontade de desistir. Estava na partolândia, pensava pouco, mas observava tudo, sentia tudo, não interagia com ninguém mas estava alerta ao meu redor. A dor me impressionava, mas me impressionava ainda mais a capacidade de suporta-la e continuar em frente, era tudo muito intenso! Mas meu corpo estava fraco, meus braços e pernas tremiam, queria deitar um pouco, e comecei a pedir ajuda a equipe, não estava aguentando mais.........
Foi ai que soube que quando eu deitava os batimentos dela caiam, ou seja não rolava de deitar. E que ela já estava há muito tempo no mesmo lugar, sem descer, que podíamos ajuda-la com um vácuo extrator, ou eu poderia tomar uma analgesia. Na hora só pensei e falei que queria o que fosse mais rápido, queria mesmo acabar logo com aquilo tudo e descansar.

Na contração seguinte, minha médica posicionou o vácuo na cabecinha dela que já estava bem baixa, e puxou. Senti o círculo de fogo, ela coroou, agora era comigo, “Vamos nascer, filha, me ajuda!!!”, eu falava para ela! Ainda se passaram 3 contrações para eu ve-la, não senti ela saindo, a sensação na hora era apenas de alívio, a emoção veio com o choro compulsivo do papai ao meu lado. Chorou antes e mais do que Maria Clara!!!! Eu senti o seu corpo, juntinho do meu e era a textura mais macia e maravilhosa que já senti na vida. O cheiro do vérnix, que a encobria, o cheiro dos deuses, nada igual!!!! Nada de dor, apenas plenitude, gratidão ao universo!!!!

 O cordão parou de pulsar, papai teve seu momento de protagonista, cortando-o, me levantei (sério!! Nem acredito) e fui deitar para ela mamar.  Tudo incrível e perfeito, melhor do que poderia ter sonhado ou pedido. Maria Clara nasceu as 23:52 hs, cercada de amor, proteção e respeito. E nós, é claro, nascemos juntos. Sem dúvida uma experiência que me transformou para melhor e para sempre!
A energia do feminino era palpável naquela sala de parto, pediatra, obstetra, doula, minha madrinha médica, era possível sentir a força de todas as mulheres do mundo com você! Somos muito capazes, poderosas, fortes!!! Nos falta solidariedade às outras mulheres, sempre julgamos, condenamos, ficamos ao lado dos homens, somos muitas vezes machistas!

Temos que nos unir mais, pois juntas podemos sim mudar o mundo, não há força maior do que a força de uma mulher, de uma mãe,  podemos tudo!!!! Este relato não é diminuir qualquer outra mulher que não passou por esta experiência, não acho ninguém menos mãe por não ter optado por um parto assim, por sinal, as mães que mais tem minha admiração são aquelas que nunca geraram ou pariram, são as mães do coração.

Acredito e luto para que possamos optar pelo parto que desejamos, baseadas em informação real, com consentimento livre e esclarecido sobre qualquer intervenção médica que seja feita ao nosso corpo, e a partir disso tomarmos nossas decisões, sem sermos enganadas e termos nosso direito de escolha roubado de nós.

Relato de Parto - Emille Avelar



A história do meu parto começa muito antes de eu entrar em trabalho de parto(TP). Bem, tudo começou com a descoberta da gravidez.  pois, é só a partir daí que a gente começa a pensar e se preocupar com o parto. Eu já era acompanhada por um GO e fazia tratamento por ser portadora de SOP (Síndrome do ovário policistico). Então,  ao descobrir a gravidez pensei que seria melhor ser acompanhada por ele.

O fato é que eu sempre fui muito comunicativa e desde a primeira consulta queria conversar sobre o parto. Eu não sabia nada sobre parto humanizado,  mas uma coisa eu tinha certeza, eu não queria ser operada. Eu não queria tirar meu filho, Eu queria que ele nascesse no tempo dele. Mas , inicialmente meu GO fugia do assunto dizendo que era cedo para falar sobre o parto. No primeiro momento acreditei que ele estava certo, mas nesse ponto começou minha insatisfação.  Faço questão de relatar aqui  o quanto alguns obstetras são secos e frios. Não informam, não conversam, não nos dão opção e as vezes nem querem nos ouvir.  Para ele eu era apenas mais uma grávida. Porém,  Era o meu momento!  a fase mais marcante e especial da vida de uma mulher. Na minha opinião, aí é que começa o respeito e a humanização.

segunda-feira, 9 de março de 2015

Relato de Parto - Thamy Pezzi


Quando descobri que estava grávida não tinha a mínima informação sobre parto, inclusive, acreditava que, por minha mãe ter tido cesárea, eu também teria. Mas (graças a Deus) comecei a pesquisar sobre parto e descobri todos os benefícios do parto natural. Li vários livros, vi vários vídeos, e depois de assistir “O Renascimento do Parto” e “Violência Obstétrica” não tive dúvidas, decidi que a Letícia nasceria quando estivesse pronta, na hora dela, da maneira mais natural possível! Mudei de G.O com quase 30 semanas, procurei uma Doula e decidi me preparar para esse momento, fiz hidroginástica para grávidas e depois comecei o Yoga como preparação para o parto. 




quinta-feira, 5 de março de 2015

Relato de Parto - Milena Gil

Relato de Parto – Meu Renascimento e o Nascimento do Felipe

Esse relato começa muito antes do dia do parto do Felipe ou dos 9 meses de gravidez.
Sou aquele tipo de mulher que passou a vida inteira sonhando em ser mãe, desde criança mesmo. Cuidar de bebê, gravidez, amamentação sempre foi o que me agradou.
Eu sempre sonhei com um parto natural, tranquilo, sem intervenções. Deve ser por ter avó que pariu 8 em casa, bisavó parteira. Na minha família só tem partos normais. Ou deve ser por eu ser uma puta medrosa que não fura nem orelha. Tenho pavor de cirurgia. Pavor de furar veia, pavor de injeção...
A cada amiga/prima/conhecida/vizinha que engravidava e era submetida a uma cirurgia cesariana ficava sem entender por que tantas mulheres precisavam daquilo. Um dia foi o estopim e comecei a me informar. Descobri aí um sistema pavoroso. Mutilador de mulheres, bebês e seus sonhos. Um sistema de mitos e mentiras. Um sistema violento. Um sistema que não acolhe, que não abraça. Um sistema que mascara, que desrespeita. Um sistema que encoraja mulheres a extraírem bebês que ainda não estão prontos de seus úteros. Um sistema que não informa que a cesariana mata 3x mais e que causa 120x mais problemas de saúde nos bebês (respiratórios, alergias). Um sistema que está trazendo uma geração de pessoas mais propensas a doenças. Um sistema obstétrico falido e do qual tenho vergonha. Um problema de saúde pública.
Ali prometi a mim mesmo que quando chegasse a minha vez, eu e meu filho não passaríamos por aquilo. Eu ia dar todo o M-E-L-H-O-R pra ele, desde a barriga, desde sempre.
Estudei muito, fiz cursos, me informei, informei pessoas. Me preparei muito. Por que não, aqui não tem mãezinha. Aqui não rola ninguém falando o que é melhor pro MEU filho. Isso quem sabe sou eu.
Informei o Luciano e procurei a cada dia trazê-lo pra esse mundo comigo. Pouco a pouco ele estava ao meu lado. Com as ressalvas dele, mas respeitando meu desejo e se informando (da maneira dele) também. Pronto, se ele estava comigo, o caminho estava aberto. Sempre deixei uma coisa bem clara, o corpo é meu, mas o filho é nosso. Ele precisava estar ao meu lado pra tudo correr bem.
Tinha o desejo do parto domiciliar. Aliás, não tinha a menor dúvida de que era isso que queria
(e ainda quero!) pra mim e pro meu bebê. Porém, Lu me pediu pra fosse no hospital. Já que era nosso primeiro filho e ainda não tínhamos vivido um parto. Nosso filho. Pedido respeitado.
Em 08/05/14 recebo meu tão sonhado positivo. Pronto, o sonho começava ali. Fomos jantar pra comemorar.





Contamos pros avós no dia das mães (que morreram de alegria num chororô só), pros tios e amigos queridos.