quinta-feira, 16 de julho de 2015

Relato de Parto – Ingrid Passos

Antes de tudo gostaria de dizer que meu maior medo antes de engravidar era sofrer alguma violência obstetrícia. Sempre tive pavor a hospital e de um dia precisar fazer uma cirurgia, tudo isso porque minha mãe sofreu muito com o nosso falho sistema de saúde e eu fiquei "traumatizada". Porém quando decidi engravidar, depois de ouvir tantas histórias ruins sobre parto normal eu decidi que iria fazer uma cesárea a final, teria dia e hora marcado, tudo acertado antes, não teria como dá nada errado.

E assim começa a o relato de nossa história e do dia mais incrível de nossas vidas... 

Meu nome é Ingrid Passos, tenho 24 anos. Tive minha primeira gravidez aos 22 anos porém, infelizmente, não evoluiu e após 8 semanas sofri um aborto espontâneo, foi horrível, tive que curar não somente a dor física mas também a dor no coração. Um ano depois resolvemos tentar novamente, porém dessa vez foi diferente. Decidi que iria atrás de um profissional que conseguisse atender as minhas expectativas, ainda que tivesse que fazer uma cesárea, alguém que desse a devida importância do que é ajudar a trazer alguém a esse mundo.. Foi aí que comecei a estudar sobre gravidez e todas essas coisas que vocês gravidinhas devem ter lido e ai minha mente começou a mudar em relação a escolha de parto ainda que o medo viesse sempre à tona.
 Por um a caso da vida li uma postagem de uma pessoa no facebook falando sobre um tal médico  que se dizia a favor de parto normal e decidi ir atrás. Nossa primeira consulta foi muito boa e decidi que ele seria o médico que nos acompanharia.
Depois de várias pesquisas, relatos lido, vídeos assistidos e conversas eu e meu esposo decidimos finalmente pelo parto normal, porém deveríamos nos preparar para tudo, fomos em busca de uma doula e nos preparamos ao longo dos 9 meses. 



Dia 31/05/15 às 03h da manhã acordei com uma cólica diferente das que eu já vinha sentindo e que depois passou e depois voltou e eu decidi começar a contar. Estavam vindo em intervalos e tendo duração dispersos.. Tentei voltar a dormir porque na minha cabeça a Manuela poderia não nascer naquele dia e eu deveria descansar, mas eu só conseguia dar breves cochilos entre as contrações. As 05h decidi mandar uma mensagem para o médico e para a minha doula, dizendo que achava que a Manuela estava querendo nascer e expliquei o que estava sentindo. As 06h meu marido acordou virei para ele e disse: bom dia papai,  sua filha deve nascer hoje ou amanhã  estou sentindo contrações desde as 03h. Ele perguntou o que deveria fazer e eu disse para ele voltar a dormir a final precisaria estar descansado para a jornada que viria. O médico respondeu às 06:45h dizendo que estávamos apenas no começo, que era para eu relaxar, tentar descansar e se desse que saísse com meu esposo para tomar um café, mas eu senti que não conseguiria sair. E assim seguimos a manhã com as contrações ficando cada vez mais intensas.  Meu esposo acordou e se arrumou eu perguntei aonde ele iria e ele disse que estava pronto para ir ao hospital.. rs.. Falei que ainda ìa demorar para irmos. Meu maior medo era chegar na maternidade e não ter dilatado nada porque eu sabia que iria ficar frustrada.  Minha doula respondeu o mesmo que o médico disse para eu ficar calma e esperar o andamento das contrações. Tomamos café, mas eu vomitei tudo.

As 10h Mandei mensagem novamente ao médico perguntado quando eu deveria ir ao hospital, pois  as contrações estavam ficando mais fortes e ele me disse para ter calma e tomar um banho para relaxar, ligou para meu esposo e pediu para que contássemos o intervalo das contrações e que não me deixasse sem comer. As contratações estavam mais ou menos de 5 em 5 minutos. eu decidi tomar um banho quente, nossa água quente é vida minha gente, porém percebi que mesmo com a água quente minhas contrações estavam ficando cada vez mais doloridas e foi quando decidi ir para maternidade, meu esposo ligou para o médico e para Doula e fomos.

Era um domingo lindo de sol.  Não lembro que horas exatamente chegamos a maternidade mas acredito que foi perto das 13h. Uns 15 minutos depois o médico chegou fez um exame e para nossa alegria e surpresa eu já estava com 6 cm de dilatação. Nossa, aquilo revigorou minhas forças. Subimos para o quarto e logo depois minha mãe  e a  doula chegaram e começamos os exercícios para ajudar na chegada da Manuela.



Fui para o chuveiro, fiquei sentada, sentindo cada contração e relaxando no intervalo. Quando a contração vinha minha doula fazia  massagem na minha costa. Nem percebi que ali passaram uns 40 minutos, saí e fomos fazer exercícios na bola. As contrações ficaram cada vê mais intensas e as 15h, eu acho, cheguei aos 9 cm e minha bolsa estourou.

Não lembro quanto tempo mais levei para chegar aos 10 cm, só sei que tudo que falam é verdade, nosso corpo é perfeito, era incrível como entre uma contração e outra eu conseguia descansar, entre algumas contrações consegui até cochilar. Logo depois veio vontade de fazer força. Sentei na banqueta, meu esposo ficou apoiando minha costa e minha doula segurando minha mão.



Minhas contrações no puxo estavam durando pouco tempo, mais ou menos uns 30 segundos. Manuela  começou a descer no canal, porém o tempo de força que eu estava fazendo não estava sendo o suficiente pra ela sair. Nesse momento já estava no que chamam de patolândia, um momento que é assustador e ao mesmo tempo prazeroso.

Não sei por quanto tempo eu fiquei nessa fase, mas para mim pareceu ser muito tempo, chegou um momento em que o médico falou na possibilidade de aplicar ocitocina para aumentar o tempo, chegou a chamar a enfermeira para preparar o medicamento e eu disse que não queria, e não precisou, quando a enfermeira chegou a Manuela já estava nascendo em uma contração dolorida, cheia de temor e prazer consegui ter minha filha da forma mais natural que pude, sem intervenções.



Às 17:40h do dia 31/06/15 de 39 semanas nasceu nossa tão esperada Manuela com 2.870kg, 46cm de parto normal cheio de amor, rodeado de pessoas queridas e emocionadas.  Ela veio direto para os meus braços, toda quentinha. Eu a abençoei, seu pai a abençoou, ficamos ali admirando nossa cria, pequenina, linda e perfeita.

Depois o pai cortou o cordão umbilical e ela foi avaliada pela pediatra ali mesmo na nossa frente. Não colocaram colírio em seus olhinhos e a pediatra não deixou dar banho.
Tive uma pequena laceração que precisou suturar e logo depois tomei um banho.

Hoje fico relembrando e pensando como foi que eu consegui? Como pode nosso corpo ser tão perfeito? E na verdade, como pude duvidar de mim mesma?  Sim, nós podemos!! Nós fomos feitas para parir!

Se você ainda está gravida uma “dica” que dou é: Informe-se!! Informe-se o máximo que puder! Independente se for pagar uma equipe particular ou se for para SUS, ou seja lá qual parto você decidir ter.

Quero deixar registrada minha gratidão ao meu esposo que foi mais do que pai, foi HOMEM de verdade durante toda nossa gestação e parto, agradeço por acreditar mais em mim do que eu mesma agradeço também à minha doula e médico por todo acompanhamento e assistência.


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