Quando eu tinha 15 anos engravidei do meu primeiro filho. Tenho um
irmão que na época tinha 1 ano de vida, minha mãe havia feito uma
cesàrea por causa de sua pressão e aumento excessivo do liquido
amniótico. Eu vi o quanto ela sofreu no pós-operátório, eu cuidei muito
do meu irmão pois ela não podia fazer quase nada. A recuperação dela foi
muito dificil!
Quando eu engravidei, logo nas primeiras consultas avisei que a minha
vontade era parto normal, eu pesquisei um pouco e decidi por ele. Os
meses foram passando, e meu filho estava previsto para um fds de feriado
prolongado, o meu GO decidiu marcar a cesárea para "não correr o risco
dele nascer naquele fds", eu marquei para o dia 22 de junho com muita
tristeza no meu coração, e ele pediu que fosse ao consultório antes de
internar no hospital.
Durante 1 semana eu ficava conversando com meu filho, com meu corpo,
pedindo, desejando o parto normal. Eu chorava muito pois não queria me
ver passando tudo o que a minha mãe passou.
Chegado o dia do parto, fui na consulta na parte da manhã e de repente,
OPA! 4 cm de dilatação. Como assim? Eu não estava sentindo nada! Meu
médico mandou correr para o hospital, fiquei em torno de 4 horas
esperando internação e aí as dores começaram a surgir, a dilatação foi
aumentando, quando entrei no quarto estava com 8 cm. Me mandaram
correndo para a sala de pré-parto.
Lá fiz a eco, e sem me perguntar injetaram aquele sorinho (ocitocina
sintética), e foi numa troca de plantão das enfermeiras, a nova
enfermeira acabou injetando uma dose mais alta do que o médico havia
solicitado.
As dores começaram a aumentar demais, a bolsa não rompia, mais uma vez
sem me pedir o médico estorou a bolsa, mais uma vez me mandaram correndo
para a sala de parto. Eu me contorcia de dor, pedia socorro! A
anestesista aplicou a raque em mim (usada em cesáreas) porque as dores
estavam muito fortes. Me deitaram na maca, abriram minhas pernas e eu já
não sentia mais nada, nem a própria contração, apenas sentia a barriga
endurecer e me avisaram ali mesmo que eu teria que fazer força quando
sentisse endurecer... mais uma violência obstétrica, meu GO cortou a
perineo sem me perguntar. Em 3 empurrões meu primeiro amor nasceu, e eu
consegui o parto que eu queria! Meu bebê nasceu perfeito, 3,565kg e
49,5cm ás 20h40... Foi uma felicidade imensa... Eu fui saber que ele
cortou quando ele estava costurando!
Ele foi colocado em meu colo quando nasceu, e logo parou de chorar,
segurou minha mão e senti aquele momento parar ali. Eu estava completa!
Fui ver meu bebê as 3h da manhã, toda enfermeira que entrava eu pedia
pelo meu bebê, perguntava o que estavam dando a ele, escutava do meu
quarto o chorinho dos bebês no berçário chamando por suas mães, pelo
colo, aconchego, aquele leitinho que só a mamãe de cada um tem. Era um
pedido de socorro! Todos choravam! Como eu tinha tomado a raque, demorei
um tempo pra voltar, tomar banho, ir ao banheiro, e numa dessas eu
desmaiei no banheiro junto com a minha mãe!
Eu não consegui dormir escutando meu filho me chamando! Quando ele
chegou no quarto eu fiquei babando, feliz da vida. Mal sabia toda a
violência que tinha vivido junto com meu filho que tinha acabado de
passar pelo momento mais importante da sua vida: o inicio dela!
Pouco mais de 2 anos depois, eu engravidei novamente. Dessa vez era uma
menina, e meu convênio novo estava em carência ainda, não ia conseguir
parto pelo convênio e com meu antigo GO.
O jeito foi me informar, me vesti de informação, eu respirava pensando
no meu parto. Meu próprio GO indicou um hospital do SUS... as semanas se
passaram e a gravidez foi tranquila.
Meu GO me deixou em alerta pois a bebê poderia nascer antes e mais
rápido que o primeiro, por já ter feito um parto normal. Meu sonho mesmo
era um parto domiciliar, mas estava fora das minhas condições
financeiras. Mas descobri um parto humanizado pode ser feito em um
hospital também, eu me informei!
O medo me rondava. Será que vou conseguir? Será que não vai ocorrer
nenhum problema? Será que vou precisar de uma cesárea? Será que minha
filha vai nascer bem? E se não nascer, será que no hospital público ela
vai ter o atendimento que precisaria? Quanta preocupação!
Dia 03 de junho eu estava estressada, apreensiva, já estava com mais de
38 semanas e a bebê não nascia, liguei para minha mãe chorando, queria
minha bebê em meus braços! Fui jantar fora, comi um bolo que estava
desejando a semanas. E meu namorado disse "Agora a Alice já pode
nascer!"
Dormi na casa dele, durante a noite as dores começaram e depois
passaram, eu dormi. Acordei as 3h com dores fortissimas... "Amor, a
Alice vai nascer!!!" Passei em casa, pegamos as malas e fomos em rumo ao
desconhecido, ao inesperado, onde não faziamos ideia do que poderia
acontecer! E ai meu medo falava alto!
O descaso no atendimento público é muito grande, eu estava com muitas
dores quando cheguei lá, e não tinha uma GO de plantão para me atender,
meu namorado já nervoso depois de tanto implorar por atendimento, me
mandaram direto fazer a eco. As contrações estavam fortes!
Voltei, a GO apareceu e mediu a dilatação, 7cm. Me mandaram direto para a
sala de parto, entrei no banheiro, tirei a roupa e coloquei o avental,
sentei na cama e mediram de novo. OMG! 10 cm! Eu não tinha muita
percepção do que estava acontecendo a minha volta, meu namorado chegou,
colheram meu sangue, arrumaram a sala e as dores vindo e a bebê também! A
médica me perguntou se poderia estourar a bolsa que ainda não havia
rompido, eu permiti pois um parto normal sem anestesia é outra coisa!
Meu namorado passou na minha frente para pegar uma cadeira e olhou, a
bebê estava coroando!
Eu não recebi sorinho, nem anestesia, minha filha nasceu com a ocitocina do meu corpo, com o amor de sua mãe!
Ela tinha uma circular no pescoço e nasceu de parto humanizado! Com
3,255kg e 49cm ás 7h07 do dia 04 de junho nasceu a minha princesa.
Por causa da circular ela inalou muito liquido, e infelizmente ficaram
um tempo aspirando ela, hoje entendi que era necessário. Mas no caso do
meu primeiro filho não!
Em menos de meia hora após o parto ela já estava ali no meu colo,
mamando, aconchegada nos braços quentinhos de sua mãe. Sentindo meu
cheiro, escutando meu coração e minha voz!
Que felicidade tremenda ter minha filha da forma mais natural possível!
Hoje eu vejo que não precisava passar por nada que eu passei no parto do
meu filho...
E digo com absoluta certeza, é possível! Eu renasci de novo!
E eu que achava que estava completa, me enganei. Esse segundo parto me transformou, hoje me sinto uma leoa!
E sou super a favor de parto normal! Daqui 6 anos quero meu terceiro
filho, e com ele, quero um parto domiciliar! Eu sei que vou ser capaz!
Meu IG é @responsaadolescente onde relato meu dia a dia com os pequenos!
Obrigada pela oportunidade de divulgar o que eu passei e em breve
ajudar mães que precisam de informações, nada melhor como a experiencia
de outra mãe!
Seu trabalho é ótimo! Beijo grande no seu coração!
Está aí, espero que tenha gostado! Esses partos mudaram minha vida, e até o jeito de ver e cuidar de meus filhos!
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