domingo, 4 de janeiro de 2015

Relato de Parto - Bianca Megda


Parimos!


parto da Cecília.

Nem sei ainda como começar a contar tudo, acho que mudei tanto de sexta (06/06/14) pra cá, que mal me reconheço escrevendo tb.Acho que pra começar a contar, preciso contar tb como a Maria Clara veio ao mundo, vou resumir... Resolvi fazer uma cesárea, afinal parir era uma coisa de índio, de gente ignorante e sem informação, queria estar com cabelo, maquiagem e unha feita, receber minha filha no mundo desarrumada? JAMAIS! Com 36semanas, passei em consulta de manhã, médico já queria marcar a cesárea, afinal já tinha um de dilatação, mas combinamos de esperar a próxima semana, tinha que pensar no dia que queria que ela fizesse aniversário né?De noite resolvermos ir jantar fora, passei na esquina do hospital escolhido e senti uma dorzinha (prodromos), resolvemos entrar e ver qual era a dessa dor. -você já está com quatro de dilatação, vamos internar!-internar? Mais já?Entramos em pânico haha um pânico bom, iríamos conhecer ela. Pessoal do plantão tentando de todas as formas me convencer de um parto normal, mas não tinha jeito, o medo e a falta de informação eram maiores. Ligaram pro meu médico, e ele veio. Fim.Assim dia 06/06/09 nasceu Maria Clara, sem amor, sem graça, eu deitada na mesa, sem poder pegar meu bebê assim que nasceu, ela sendo esfregada daqui, aspira dali, fura acolá. Fui conhecer ela 6 HORAS depois do parto, só via foto, e todo mundo dizendo o quanto era linda. Deram fórmula pra ela no berçário, tivemos uma dificuldade enorme depois na amamentação.
 Chamar o pós operatório de dolorido é apelido, fiquei 15 dias em repouso absoluto, dopada de tanto remédio, mal conseguia ir no banheiro sozinha, pontos inflamados. Mas continuei batendo no peito que a cesárea era muito mais cômoda, e menos dolorida.Tempos depois comecei a ler sobre parto normal, cresci, amadureci, e cheguei a conclusão que tinha sido feita pra parir, e que precisaria passar por isso um dia pra virar realmente mulher. Eu comia relatos de parto, lia tudo o que encontrava.Vi o quanto o nascimento da Clara foi violento, vi que aquelas intervenções todas com ela não tinham necessidade, e vi que parto normal é diferente de um parto natural, decidi então ter um parto natural. Dessa vez ninguém iria encostar na minha filha antes de mim, ninguém iria fazer nenhum tipo de procedimento com a gente que não tivesse necessidade. Seriamos só nos.Engravidei.Voltamos a ler, pesquisar, comer relatos de parto no café, almoço e jantar.Até que um dia, meu pai vendo nossa angústia e medo do desfecho do parto me solta "pq você não tem a Cecília em casa?", era um sonho meu e do Léo, mas era algo tão distante que deixamos a ideia em standby.Conhecemos nossa doula maravilhosa Thielly, que foi muitas vezes nosso porto seguro, e nos levou até a Karina ( até então nossa parteira).Marcamos uma conversa com a Karina, tiramos todas as dúvidas e mais um pouco, lembro que sai aquele dia do Commadre tão animada, o Léo nem se fala, viramos a esquina e ele me fala "vamos ter a Cecília em casa".Conheci a Denise que é doula também, uma linda que pariu no mesmo condomínio que eu, que me aturou fazendo um bilhão de perguntas, uma jóia que Deus me mandou.Com 36 semanas passamos na consulta de pré Natal com a Isa (nossa segunda parteira), exame de toque e... "Bia acho que não passa de duas semanas". Ela ainda explicou o lance da lua, que quando virasse minha lua ( mesma lua da semana da ovulação) quase certeza que a Cecília iria nascer.Com 38 semanas a lua vira na quarta e... bolsa estoura! Acordei o Léo de madrugada 05:01...-Léo ou eu fiz xixi na roupa e não to conseguindo segurar, ou a bolsa estourou!Ele levantou beeeem desconfiado.Liguei pra Isa, e ela confirma que a bolsa estava mesmo rota.Tentamos dormir, mas a ansiedade já tinha tomado conta de nos. Assim começaram os prodromos, cólica, cólica um pouco mais forte, primeira contração.Na quinta de manhã acordei minha filha, tinha combinado de ir no shopping com ela e um tio comprar o presente de aniversário dela, nos arrumamos e formos (fui bem linda com a bolsa rota hahah).De noite ainda quis passar no mercado, compramos o que ainda faltava, e fomos pra casa desse mesmo tio (tio Silvio te amo) que tinha emprestamos o apartamento que tem banheira hehehe. Botei meu tio pra fora, Thielly chegou, tomei chá da naoli (ruim pra cacete), minha super amiga Danila chegou, fiz escalda pés super cheiroso, pintamos a barriga com a Clara, Thielly foi embora, Danila foi embora, roubaram o carro da fotógrafa, fomos dormir.Na sexta de madrugada (05:00) começaram as contrações, sem ritmo, as vezes espaçadas, as vezes uma atrás da outra, começamos a marcar e lá pelas 08:00 começaram a pegar ritmo.Liguei pra Thielly e ela veio, não sei como chegou com aquela greve do metro e o mega trânsito de SP. A Karina tinha ido pra Praga pra um simpósio de midwifes, e deixou a super backup Thaís. Léo e a Danila foram levar a Clara pra escola, e passar no mercado, era aniversário dela e tinha que mandar bolo, e ela acabou não acompanhando o parto.Thaís chegou, também não sei como, o carro arriou a bateria dentro do condômino. Thielly teve que ir na escola do filho que teve febre, nessas horas as contrações já estavam ficando doloridas, avisei a Denise que estava em trabalho de parto, ela perguntou se poderia ir me ver, fiz questão, durante a gravidez ela me passava uma tranqüilidade, eu queria aquela mulher junto. Fotografa mandou msg avisando que o segundo carro tinha arriado a bateria no trânsito. Hahaah só comigo.Quando o Léo saiu minhas contrações deram uma parada, como as meninas me falaram, ele era minha ocitocina, ele saia de perto as contrações paravam, ele voltava elas vinham com tudo, acho que não tem prova maior de amor. Foi o Léo colocar o pé no apto de novo que o negócio engrenou, as contrações começaram a ficar bem ritmadas, a Isa chegou, e aí eu já não sabia mais a hora de nada, não sabia quem estava do meu lado só queria o Léo.Lembro de uma hora me sentir muito cansada, fiz uma oração baixinha e pedi pra que Deus estivesse comigo, fechei os olhos no meio de uma contração, e senti na pele a mão de Deus, eu sabia que ele era comigo, sempre soube, mas ele estava se mostrando pra mim, ali no meio de um dos dias mais importantes da minha vida, assim eu entrei de cabeça na partolandia, na presença do Espírito Santo, me sentindo mais amada que nunca, na vibe mais loca da minha vida.Quando as contrações já estavam de 3 em 3 minutos pedi pra ir pra banheira, e pedi um exame de toque. Ual, 9 de dilatação, agora vai! Começaram os puxos.Meu corpo fazia força sozinho, já não tinha mais controle de mim, me arrumava daqui, dali, até achar a posição perfeita, de quatro apoios, já estava beeeem cansada. Lembro de olhar pra Thaís, fazer cara de cachorro sem dono e falar " você pode fazer alguma pra me ajudar?" ela na maior paciência me solta um doce não haha. Olhei pra Isa e disse que não agüentava mais, ela falou pra que eu tentasse sentir a cabeça da neném, SENTI, minha força voltou de uma vez. Um puxo e eu senti a cabeça dela quase coroar, confesso que senti muito medo essa hora, e eu pensei, ou ela sai agora de uma vez, ou eu arrego ( haha não ia arregar, mas...).O Léo entrou na banheira, e eu falei é agora. E foi, de uma vez, num grito, numa força que eu não sabia que tinha. Ela veio! O Léo pegou, lembro de ver ele chorando igual um bebê, muito mais que ela, ele me entregou, soltei um glória a Deus, eu tinha conseguido, eu pari!Eu pari, da forma mais natural possível, com o amor da minha vida me amparando o tempo todo, sendo minha maior fonte de ocitocina, o cheiro de vernix tomando conta do quarto, no maior silêncio. Assim no dia 06/06/2014 exatamente cinco anos após uma cesárea sem necessidade, veio com muito amor, foi amparada pelo pai, sem intervenção, sem ninguém esfregando, mamou nos primeiros minutos de vida, e nunca mais saiu do meu lado. Eu consegui!

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