domingo, 4 de janeiro de 2015

Relato de Parto - Camila Freire



Começo meu relato na quinta-feira, 19 de junho, com 38 semanas, na consulta com meu GO. Ele estava entrando de férias no outro dia e eu entrando em um desespero contido! Tinha muito medo de Lara querer nascer quando ele não estivesse na cidade e tudo que tínhamos combinado para meu parto (posição para o parto, episiotomia, ocitocina, manobras “obstétricas”, analgesia, etc.) fosse “desrespeitado” por outro GO. Fiz um plano de parto, pra caso precisasse entrar em contato com outro GO, mostrar a ele como tinha combinado com dr. Aurélio de como queria meu parto.

Pois bem, graças a Deus Lara esperou! Na segunda-feira, dia 30 de junho mando uma mensagem pro meu GO a noite perguntando se ele estava em Recife e se eu precisava marcar minha volta pro consultório, na terça ele me ligou e perguntou se eu podia ir na quarta no consultório, já que na quinta era minha DPP. Na terça, também, acabava a rodada de oitavas de final da copa e os dois dias seguintes não teria jogo, então alisei a barriga e disse: aproveita pra nascer Larinha! (muito obediente minha filha!)
Fui dormir quase 2h da manhã. Na quarta, dia da consulta, eu acordei às 06:55 com cólicas, queria voltar a dormir pois tinha ido dormir muito tarde, mas não consegui, pois quando cochilava, vinha uma cólica e me acordava. Então percebi que já eram contrações e comecei a contar a distância uma da outra e duração. Estavam bem irregulares, demoravam 10, 7, 5 minutos entre uma e outra, as vezes até 15 ou 20 minutos... pensei: vai demoraaaaaar... Mas como não conseguia dormir de volta, fui dar os toques finais no quarto de Lara. 11h e pouca comecei a me arrumar para ir na consulta que estava marcada pras 12:30h. No caminho do consultório, as contrações aumentaram, mas estavam perfeitamente suportáveis. Por causa do trânsito, chegamos quase 13h no consultório e como sempre dr Aurélio perguntava: e aí, tudo bem? Respondi: estou com dor doutor! Ele responde: que bom! (Hahaha, única dor boa do mundo!). Ele foi me examinar e... Tchanram: 7 CENTÍMETROS DE DILATAÇÃO!
Pasmei! Como assim já tava com 7? Esperava uma dor insuportável pra chegar aos 7!
Fui direto pra maternidade e ele também. No processo de chegar na emergência, ir para o ambulatório de urgência, esperar um quarto e subir para o quarto, completei minha dilatação! Fui para o bloco cirúrgico (sim, o hospital não tem sala para parto normal :’() e comecei a fazer força. Dr. Aurélio sempre falava: pra Lara nascer, 50% é contração e 50% é a força que você vai fazer, ou seja, 100% você. Minhas contrações eram curtas e eu não conseguia (e nem queria) fazer força sem estar com contração, até porque durante a contração sentimos vontade de fazer força fisiologicamente. Foram duas horas nessa pisadinha.
Levantei, andei, rebolei, fiquei de cócoras, mas estava muito cansada, tinha câimbras nas pernas e dormência nos pés, então quis ficar na cama mesmo, mas com decúbito bem elevado, quase sentada. Na contração, Ckinho (meu marido) entrava em ação também (quem disse que homem também não “pare”?) me ajudando a ficar o mais sentada possível.
Quando já se avistava a cabecinha de Lara aparecendo, eu estava exausta, não conseguia passar muito tempo na “força comprida” que dr. Aurélio pedia, então ele disse que seria bom um pouco de ocitocina pra ver se a contração ficava mais longa e facilitava a chegada de Lara. Concordei e em menos de 5 minutos (não sei se já era a ocitocina sintética fazendo efeito) finalmente senti aquela pressão enorme e uma vontade gigante de fazer mais e mais força e Lara escorregou pra fora do meu corpo.
Não há palavras no dicionário que consigam descrever esse exato momento, é simplesmente mágico, DIVINO!
O pediatra a pegou e colocou no meu colo. Nesse momento as lágrimas rolaram por aquele encontro face a face com a minha filhinha. Ela chorou um pouquinho depois, pulmões fortes!!
Tive laceração (desconfio que se conseguisse ter parido de cócoras não teria), então fiquei no bloco cirúrgico pra ser suturada enquanto o papai seguiu com Lara para o berçário (normas do hospital =/).
Quando saí do bloco e vi todas as pessoas que estavam lá me emocionei novamente em pensar como minha lindinha já era amada por mim e por tantas pessoas queridas. Também me emociono em pensar que eu consegui parir, apesar de todas as dificuldades de não se ter uma estrutura para um parto mais humanizado, de sempre ter pensado que não faria isso, a maternidade me fez uma mulher mais informada, emponderada e principalmente confiante no meu corpo e na natureza de Deus. Todas as dores não são tão grandes quando levo em consideração ter sido a DONA do meu parto, isso é REALIZADOR!

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